Qui, 04/04/2024 - 09:24
António Rodrigues é um dos reclusos que trabalha no regime exterior. Cumpre pena há 8 anos e há meio ano que teve a oportunidade de começar a trabalhar na DNMAT, uma empresa em Bragança. Uma experiência que está a correr bem, nota-se pelo sorriso que traz na cara enquanto trabalha. “Está a correr bem. Se andarmos ocupados não pensamos em certas coisas e passa-se melhor o tempo. Tenho aqui amigos. Acolheram-me bem. Não houve diferença nenhuma”.
Este é o primeiro recluso que a DNMAT emprega. O proprietário da empresa, Nuno Rodrigues, diz que não tem razão de queixa e que é preciso dar segundas oportunidades. “Está a portar-se bem, tem capacidade de trabalho, é humilde, está sempre pronto, não tenho nada apontar pela negativa. Faz parte também das empresas locais fazerem com que as pessoas se reintegrem, neste caso. Toda a gente pode ter um percalço, de qualquer formas estamos aqui para contribuir. Pretendemos continuar se precisarmos de mão-de-obra. Neste caso precisávamos e juntou-se o útil ao agradável”.
Outra das empresas que acolhe reclusos é a Mecatérmica. Há seis anos que dá segundas oportunidades. O empresário Francisco Almeida, actualmente, não só dá trabalho a um ex-recluso, mas também alojamento. “Eu vejo que devemos fazer algo por alguém que errou. Se me pergunta se a sociedade está preparada ou não… eu tenho sérias dúvidas. Falo particularmente de mim, daquilo que posso fazer, acho que a sociedade estará preparada se for desmistificado este receio que se tem pro ser um recluso”.
Carlos, nome fictício, trabalha na Mecatérmica desde o início do ano, quando ainda era recluso. Agora, mesmo fora do estabelecimento prisional, continua na empresa e não tenciona sair. “Desde que se abriu a oportunidade de poder trabalhar fora, para mim foi muito bom. O tempo passa de maneira diferente. Está a correr muito bem. Já aprendi uma série de coisas. A equipa é boa. Os meus colegas acolheram-me de uma boa maneira, sem me julgarem pelo que tinha feito ou não no passado. Gosto de estar aqui”.
Esta parceria entre o estabelecimento prisional e as entidades dura já há alguns anos e já envolveu “mais de 50 empresas”, segundo o director da prisão, Nuno Pires. “Conseguimos fazer aqui uma ligação harmoniosa e de receptividade bilateral, no sentido de proporcionarmos mão-de-obra e as empresas aceitarem mesmo sendo reclusos e é preciso essa componente de reinserção social. O trabalho é uma componente importantíssima na recuperação de pessoas que passaram por regimes privativos de liberdade”.
Cerca de 10% dos reclusos da prisão de Bragança trabalham em regime exterior.
A DNMAT e Mecatérmica são duas das empresas que dão emprego a reclusos do Estabelecimento Prisional de Bragança.
Escrito por Brigantia