Qui, 27/02/2025 - 18:04
O Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considera que mais importante do que a discussão em torno da presença física do novo vice-presidente da CCDR-N para a área de agricultura, no Porto e não em Mirandela, é a necessidade de repor na ex-Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte os recursos humanos e meios materiais que diz terem vindo a ser retirados nos últimos anos. É a reação de Álvaro Mendonça e Moura, depois de, há cerca de dois meses, o Ministro da Agricultura ter nomeado o ex-vereador da Câmara Municipal da Maia, Paulo Ramalho, para vice-presidente da CCDR-N para a área da agricultura, uma das medidas exigidas pela CAP para assinar o acordo de concertação social.
Declarações do presidente da CAP, à margem do Conselho Consultivo Regional de Trás-os-Montes, que aconteceu, em Mirandela, na passada terça-feira.
Para Álvaro Mendonça e Moura, a nomeação de um vice-presidente da CCDR-N para a área da agricultura “é, em teoria, uma boa solução” depois de o Governo anterior ter decidido integrar as direções regionais de agricultura na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, “porque repõe a autoridade do Ministro da Agricultura sobre os serviços agrícolas regionais, isso era a condição essencial da CAP, mas ao mesmo tempo, ao estarem integrados nas CCDRs, o vice-presidente responsável pela agricultura e sob tutela do Ministro da Agricultura passa a ter uma palavra a dizer também na própria CCDR, na discussão dos programas operacionais e até provoca uma aproximação entre economia e agricultura, entre turismo e agricultura, entre investigação, por exemplo, e agricultura, portanto, a fórmula, a meu ver, é uma fórmula muito positiva”, refere.
No entanto, o presidente da CAP diz que ela só será uma boa medida, na prática, se não houver deslocalização de meios, pelo que promete estar atento e monitorizar os resultados práticos. Por agora, prefere dar o benefício da dúvida. “Tenho tido promessas de grande empenho dos vice-presidentes, agora cá estaremos, vamos esperar algum tempo para ver o seu trabalho”, acrescenta.
Ainda assim, o líder da CAP diz que “não bastam fórmulas no papel” e defende a necessidade de repor os serviços agrícolas com os recursos humanos e meios materiais que são necessários nas direções regionais de agricultura. “Conhecemos bem a delegação regional de Mirandela, nós sabemos perfeitamente que ela estava completamente depauperada em meios materiais, não havia carros, nem meios humanos, cada vez havia menos pessoas a trabalhar, ora bem, ou isto é reposto ou então não adianta nada, porque como é que os serviços agrícolas podem apoiar os agricultores”, questiona.
Aliás, sublinha o Presidente da CAP, assegurar essa reposição de meios humanos e materiais na Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, em Mirandela - agora denominada de Unidade Orgânica Regional, integrada na CCDR - é “bem mais relevante” do que a discussão em torno da presença física do novo vice-presidente, depois de Paulo Ramalho já ter confirmado que não vai ficar em permanência, em Mirandela, mas antes no Porto, onde está a sede da CCDR-N. “Não preciso que o Vice-Presidente esteja aqui, o que eu preciso é que aqui haja meios humanos, que haja técnicos aqui, para além dos meios materiais que já falámos, isso para mim é o que conta, é que as coisas não sejam deslocalizadas na prática e seja depois tudo no Porto, isso é que não faz sentido nenhum”, diz.
“Temos um Vice-Presidente que é natural da Maia, não tenho nada contra isso, obviamente, mas o importante é que a delegação regional aqui em Mirandela tenha os seus meios humanos, isso para mim é o que conta, esse é que é o ponto importante”, ressalva.
Por agora, Álvaro Mendonça e Moura dá o benefício da dúvida ao novo vice-presidente da CCDR-N para a área da agricultura, mas avisa que o “estado de graça” pode cair por terra caso a unidade Regional de Agricultura de Mirandela não seja dotada dos meios adequados.
Escrito por Rádio Terra Quente (CIR)
Foto: Rádio Terra Quente