Seg, 17/09/2018 - 10:42
O presidente da câmara municipal de Miranda do Douro, Artur Nunes faz um balanço positivo destes 20 anos, apesar de considerar que faz falta definir o futuro:
“A língua mirandesa está viva e tem dado passos significativos em vários sentidos. Penso que estes 20 anos vão ficar para a história com um balanço positivo. Existe também o trabalho desenvolvido pela Associação da Língua Mirandesa e um conjunto de linguistas que estão expectantes com a aceitação da língua, por isso penso que este ano pode ser marcante quanto ao futuro da língua. Tem sido bastante positivo mas falta um pontapé relacionado com o futuro da língua”, referiu Artur Nunes.
Domingos Raposo é professor de mirandês desde o ano lectivo 1986/87. Destaca que a língua é um elo de expressão e de identidade cultural:
“O mirandês exprime toda uma cultura e um saber empírico que estas pessoas construíram a falar nesta língua. Por um outro lado, é também um veículo de identidade cultural porque nos identifica e possui um forte simbolismo e por isso leva o nome desta região bem longe. O facto que termos caminhado e conseguido a oficialização, veio valorizar e dar estatuto, visibilidade e afirmação ao mirandês”, acrescentou o professor.
Actualmente já existem 3 professores a leccionar a disciplina, desde o pré-escolar até ao 12º ano, com 65 % de alunos do concelho de Miranda do Douro inscritos. Motivo encorajador para o professor.
Paulo Meirinhos é músico, faz parte do grupo Galadum Galundaina que canta em mirandês. São verdadeiros embaixadores da língua. Recorda que a oficialização da língua foi vista com muito orgulho pelos habitantes do planalto mirandês:
“A percepção que eu tive é que as pessoas aqui da região de Miranda, tiveram um orgulho completamente diferente depois da oficialização. Vínhamos de um tempo em que as pessoas consideravam que a língua era falada por gente de pouca cultura e a partir daí o comum das pessoas começaram a respeitar mais o mirandês”, explicou Paulo Meirinhos.
O mirandês é falado por cerca de 15 mil pessoas. O número corresponde a residentes no nordeste português, de Miranda do Douro, em algumas aldeias do concelho de Vimioso, nomeadamente em Angueira e Vilar Seco, e em algumas aldeias do concelho de Modagouro e também por emigrantes espalhados em todo o mundo.
Escrito por Brigantia
Foto: Câmara Municipal de Miranda do Douro