Subida de preço do combustível prejudica corporações de bombeiros

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Sex, 16/05/2008 - 09:40


Algumas corporações de bombeiros do distrito de Bragança já estão a passar dificuldades por causa dos sucessivos aumentos do preço dos combustíveis. Há quem já admita poder vir a recusar serviços.

 

O problema afecta sobretudo as associações humanitárias mais pequenas e com menos recursos financeiros. As corporações ouvidas pela Brigantia confessam que para já ainda não se vive uma situação de ruptura, mas admitem que as dificuldades já são muitas. Carlos Coelho, comandante dos bombeiros de Torre Dona Chama, em Mirandela refere que “todos os dias na estrada é complicado, tendo em conta aquilo que o combustível já subiu”, realçando que “algumas corporações vão ter mais dificuldades até por que os pagamentos não são feitos mensalmente pelas entidades hospitalares e isso vai ocasionar talvez alguma ruptura em algumas associações”.

  

Por outro lado, há quem se queixe da falta de actualização do preço por quilómetro para o transporte de doentes que actualmente é de 40 cêntimos. Ilídio Rodrigues, presidente da Associação Humanitária dos bombeiros de Sendim, em Miranda do Douro diz que “se pensarmos que o preço por quilómetro cobrado pela associação, pela prestação de serviços que faz no transporte de doentes, se mantém inalterado, aumentando sistematicamente o preço dos combustíveis, obviamente que isso nos vai trazer problemas acrescidos”. “Os bombeiros têm vindo a reivindicar a actualização do preço por quilómetro porque nos parece que é um preço que está completamente ultrapassado, por causa do nível do custo de vida de hoje e por causa do aumento do preço dos combustíveis”, salienta Ilídio Rodrigues.

 

O presidente da Associação Humanitária dos bombeiros de Sendim diz ainda que o transporte de doentes por empresas privadas é outro problema que vem juntar-se ao aumento do preço dos combustíveis. “0s serviços que hoje prestamos, a concorrência que existe pode-nos levar a situações de ruptura, não é só a questão dos combustíveis, é que começa a aparecer no mercado várias empresas de transporte de doentes”, esclarece Ilídio Rodrigues. “Vários centros hospitalares estão a fazer concursos e estão a ganhar esses concursos, instituições privadas que estão a concorrer com um preço por quilómetro muito inferior àquilo que os bombeiros estão a praticar e isso também nos preocupa”, sublinha.

 

Situações que já levam a corporação de Izeda, em Bragança, a ponderar recusar alguns serviços, como refere João Lima, o comandante dos bombeiros locais. “A rotura quase sempre houve, vamos lutando é com muitas dificuldades, vamos fazendo socorro sempre que nos aparece”, recorda João Lima. “Nós nunca nos negámos a sair, mas amanhã não garantimos que isso não venha acontecer, senão tivermos condições, teremos que o fazer”, afiança o comandante.

 

Para fazer face ao problema, o comandante dos bombeiros de Torre Dona Chama, Carlos Coelho, sugere que o Governo adopte um sistema que permita praticar preços mais baixos em alguns sectores, entre os quais os bombeiros. “ Aquilo que eu defendia era o governo pensar um pouco nesta situação”, diz o comandante dos bombeiros de Torre Dona Chama, propondo “criar uma linha em que talvez com um cartão, pelo menos para os bombeiros, talvez para transportes públicos e transportes de mercadorias haver um preço mais baixo de combustíveis”. “Porque senão assim não sei como vai ser”, conclui Carlos Coelho.

 

Algumas corporações de bombeiros do distrito de Bragança admitem que já fazem cortes noutras despesas para poder suportar os custos do combustível.