Qui, 02/01/2025 - 09:17
A medida, do Ministério da Justiça, acabou com as filas de espera e trouxe conforto a quem dela beneficia.
Abriu, há pouco mais de um ano, o concurso público para a instalação de telefones fixos nas celas dos estabelecimentos prisionais. O Estabelecimento Prisional de Bragança já foi contemplado e, desde o começo deste mês, os reclusos já podem telefonar aos seus familiares, amigos e advogados a partir da própria cela, sem ter de passar longos períodos de tempo, numa fila, à espera para estabelecer contacto.
No Estabelecimento Prisional de Bragança, onde há cerca de 80 reclusos, cada pessoa pode, no total, utilizar o telefone durante uma hora por dia. Para José Bernardino, que foi preso este ano, esta medida é incomparável. “Assim não tenho de estar à espera que mais 30 ou 40 pessoas estejam na fila até chegar a minha vez. Se estiver sozinho na cela, o telefone é só para mim, se estiver com o parceiro entendemo-nos facilmente. São mais 100 euros todos os meses, mas falo todos os dias com a minha mulher, com a minha enteada, com os meus filhos e até alguns amigos. Uma hora por dia dá-me para isso tudo”, contou.
Abílio Carvalho tem 25 anos e está preso há três. O telefone na cela, que partilha com outras quatro pessoas, já que está em regime aberto, é uma mais-valia.
Manuel Bernardo, preso há cinco anos, também aplaude a medida. “Antes para ligar havia uma fila, tínhamos de estar 30 minutos à espera para ligar, agora não. É um conforto”, disse.
Nuno Pires, director do Estabelecimento Prisional de Bragança, esclarece que a medida garante melhor ambiente prisional. “Esta ligação de proximidade com a família e amigos é importantíssima na estabilidade emocional e promove um melhor ambiente prisional”, frisou, adiantando que esta era uma medida “há muito ansiada”.
A instalação de telefones nas celas das cadeias de Portugal começou como um projecto-piloto, testado durante dois anos, em 2020 e 2021, em cinco cadeias, Linhó, Tires, Odemira, Santa Cruz do Bispo/Feminino e Caldas da Rainha. A medida "estruturante no processo de humanização dos espaços prisionais”, permitiu, na fase piloto, instalar 824 telefones.
Segundo o Ministério da Justiça, à época do lançamento do concurso, o objectivo desta medida é “reforçar os contactos entre as pessoas privadas da liberdade e aqueles que lhes são mais próximos”, proporcionando a manutenção destas “ligações essenciais tanto ao nível afectivo quanto da saúde mental”, contribuindo para o “sucesso do processo de reinserção social".
Escrito por Brigantia