Utente do hospital de Mirandela espera por consulta de otorrinolaringologia desde 2023

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Sex, 31/01/2025 - 08:26


Manuela Seixas, habitante de Abreiro, concelho de Mirandela, vai ter de esperar 19 meses por uma consulta externa na especialidade de otorrinolaringologia no hospital de Mirandela

A médica de família marcou-lhe uma consulta externa, em dezembro de 2023, que ficou, na altura, agendada para 22 de abril de 2025, 16 meses depois.

Entretanto, na semana passada, foi remarcada para 22 de julho deste ano, 593 depois de ter marcado a consulta. “Como tinha fortes dores num ouvido, a minha médica de família mandou-me fazer uma TAC. Quando fui à consulta, com ela, disse-me, que tinha algum problema no ouvido e que ia marcar uma consulta para o hospital, para as consultas externas. Foi a 7 de dezembro de 2023. Recebi a carta do especialista de otorrino, passados oito dias, a dizer que a consulta ficou marcada para abril de 2025. Na semana passada, recebi uma mensagem a desmarcar a consulta e agora outra carta a remarcar a consulta para 22 de julho deste ano”, conta.

Manuela Seixas não esconde a sua indignação com esta demora. “Estou revoltada, mas não vou a privados. Porque os médicos, em vez de estarem nos privados, deviam estar era nos hospitais públicos”, afirma esta utente que já informou a médica de família sobre a situação. “Ela diz que é muito injusta esta situação e até acrescentou que um utente só pode esperar o máximo quatro meses por uma consulta”, sublinha.

Manuela diz que já ligou para o hospital. “Já contei às funcionárias que me atenderam e elas disseram para eu enviar um mail, mas eu não tenho jeito para isso”, conta.

Enquanto aguarda pela consulta, Manuela Seixas confessa que tem sido difícil suportar as dores que tem no ouvido. “Tenho um batimento neste ouvido. Se estiver barulho, não sinto, mas se estiver sem barulho nenhum, é horrível. Há alturas em que sinto que a minha cabeça vai explodir e só consigo dormir duas ou três horas por noite”, confessa.

Mas esta já não é a primeira vez que algo do género lhe acontece. “Já mais de cinco anos, quando comecei a entrar na menopausa, um ginecologista marcou-me consulta para depois fazer uma análise, mas depois desmarcaram continuamente, até que deixaram de marcar”, diz.

Confrontada com este caso, a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) respondeu por escrito. Esclarece que, “as marcações de consultas externas, em particular as primeiras consultas referenciadas pelos médicos de família, obedecem a critérios de priorização clínica, classificando os casos como muito urgentes, urgentes ou normais. O tempo de agendamento reflete, assim, a triagem médica realizada, que determina a ordem de prioridade de cada caso”, adianta a ULSNE, sem especificar em concreto como classifica a priorização da consulta em causa.

Atualmente, sublinha a ULSNE, o hospital de Mirandela tem 17 especialidades e “apresenta um crescimento significativo na sua atividade, com variações positivas de 5 a 15 por cento na produção, consoante a especialidade”.

Na mesma resposta, aquela administração reconhece que, “pontualmente, possam ocorrer remarcações de consultas, necessárias em casos de ausências inesperadas de recursos humanos, como médicos, e em especialidades com maior carência de profissionais”, pode ler-se.

A ULSNE termina dizendo que “reforça a disponibilidade do seu Gabinete do Cidadão para, mediante um atendimento personalizado, esclarecer diretamente junto dos utentes, todas as questões inerentes a cada caso em particular".

Escrito por Terra Quente (CIR)

Foto: Rádio Terra Quente