Qua, 25/09/2024 - 16:13
Alegadamente, a santa casa tem imposto algumas alterações de horários e muda alguns trabalhadores de posto. É o caso de Maria de Jesus. É recepcionista mas foi-lhe dito que tem de passar para a acção directa. A funcionária diz que não é justo e por motivos de saúde não pode fazer esse trabalho. “Eu recusei-me a fazer o trabalho, um fim de semana, porque eu tenho graves problemas de saúde, e eles queriam que eu fizesse o trabalho da acção direta. Então, como não fiz o trabalho, no fim de semana, na segunda-feira à tarde, recebi uma carta com a mudança de categoria, para passar para a acção direta. Eu tenho problemas de saúde, tenho relatórios médicos, eu sou recepcionista já desde o ano 2013. Esta Mesa Administrativa faz vários tipos de ameaças, o ambiente é péssimo, os trabalhadores têm um certo receio”.
Paula Veiga já teve de mudar de posto de trabalho mas diz que não vai desistir de lutar. “Sou auxiliar de acção médica de primeira. Eu tive um acidente de trabalho e na minha baixa recebi uma chamada telefónica, por parte da directora, dizendo que tinha de me apresentar no dia 1 de Março noutra valência, a unidade de cuidados continuados. Eu, neste momento, tenho um processo a decorrer. Desde que entrou esta Mesa Administrativa é um clima impossível de se trabalhar. Eu acho que nem quando foi o tempo do Covid tivemos tantos medos e tantos receios”.
Maria Alexandrina Domingues reclama melhore condições de trabalho. “O problema agora, desde que entrou esta mesa, é que o trabalho duplicou, porque cada dia que entra um idoso para a Santa Casa, cada dia ele está mais dependente de nós. Não é como antigamente, que as pessoas vinham para a Santa Casa e valiam-se por si. Agora, não. Todas as pessoas que vêm, vêm já dependentes de nós. Cada dia somos menos nas equipas e querem pôr as pessoas a fazer todas as funções”.
Jorge Araújo, assessor da direcção do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, diz que já houve uma reunião com a Mesa da Direcção mas, desde aí, há apenas silêncio. “O sindicato, desde o início do ano, solicitou uma reunião, que ocorreu em Fevereiro, na tentativa já de tentar resolver alguns problemas que iam ocorrendo, nomeadamente com questões de horário de trabalho, questões de alteração de funções aos trabalhadores, e dessa reunião, espremendo muito, o sumo que saiu foi o seu provedor indicar que a Misericórdia se encontrava com um passivo na ordem de 5 milhões de euros. O passivo que existe é um passivo que já vem crescendo e não pode justificar por si só o ataque aos trabalhadores”.
O provedor da misericórdia de Bragança, Duarte Fernandes, remeteu esclarecimentos para um comunicado, enviado aos órgãos de comunicação social, em que a Mesa Administrativa diz que está empenhada em vencer os desafios, o que implica a redução da despesa corrente e que tem contado com o apoio e compreensão de um número significativo de Irmãos, de funcionários e de fornecedores. Diz ainda que o comunicado divulgado pelo sindicato, que apoiou esta manifestação, tem a função de destabilização do funcionamento da Santa Casa, sustentado em afirmações que não corresponde à realidade e que terão resposta em sede judicial.
Escrito por Brigantia