Sistema poluidor/pagador não convence empresários

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Qui, 14/02/2008 - 14:26


Não está a ser fácil passar a mensagem para a necessidade de implementar o sistema de poluidor/pagador na região transmontana. Esta foi uma das conclusões do seminário sobre gestão de resíduos industriais promovido pela Associação Comercial e Industrial de Mirandela, em parceira com outras entidades ligadas a esta temática. Para o director-geral da empresa intermunicipal “Resíduos do Nordeste”, não há dúvidas que existe “pouca disponibilidade para pagar os custos associados à gestão dos resíduos, quer os sólidos urbanos quer os industriais”.

Paulo Praça dá como exemplo o próprio sistema de resíduos sólidos urbanos, gerido pela empresa, nos doze municípios do distrito de Bragança mais Vila Nova de Foz Côa, em que os valores que cada habitante paga não chega para suportar os custos com o tratamento dos resíduos. “Cada habitante do sistema teria de pagar cerca de três euros por mês e não há vontade para isso”.

Neste seminário, os proprietários de oficinas de reparação de automóveis deixaram a sua preocupação pelo facto de não existir um sistema eficaz de recolha dos resíduos produzidos na sua actividade, que têm resultado na aplicação de multas pesadas após algumas fiscalizações. “Não temos como armazenar os resíduos, pois há poucas soluções de recolha e normalmente são pontuais e insuficientes” refere Filipe Carvalho foi um dos empresários que deixou ficar a sua preocupação acerca da necessidade de arranjar soluções.

A este propósito, a empresa Mirapapel foi recentemente licenciada para esta recolha, mas revela que muitos desses resíduos são perigosos e o seu tratamento implica custos que têm de ser imputados aos proprietários das oficinas, que muitos não querem pagar. César Gomes, da Mirapapel, empresa que já está licenciada para 100 tipos de resíduos, sugere que esses custos passem a ser suportados pelos clientes das oficinas, tal como acontece com a taxa aplicada na aquisição de pneus. “Há quatro meses que iniciamos recolhas nas oficinas, estamos a implementar uma rede, mas estamos a aguardar que mais oficinas nos contactem” porque são ainda poucas e por isso as recolhas não são sistemáticas. Além disso “muitos dos resíduos que as oficinas produzem são perigosos e isso tem custos elevados que as empresas não estão dispostas a pagar”.