Qua, 27/08/2008 - 08:59
O relatório preliminar do inquérito aberto ao acidente de sexta-feira com um comboio da Linha do Tua que provocou um morto e 37 feridos foi ontem à noite entregue ao ministro dos Transportes, Mário Lino, e afasta a existência de qualquer problema com a automotora e com a linha. A equipa de investigação, liderada por um técnico do IMTT - Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres - e que integra elementos do Metro de Mirandela (responsável pela exploração da linha), da CP (a proprietária das automotoras) e da Refer (a quem cabe fazer a manutenção da via), não avança qualquer causa para o acidente.Na prática, as entidades envolvidas, limitaram-se a assegurar que estava tudo bem na parte que dizia respeito a cada uma delas. Estas conclusões deixam insatisfeito José Silvano, o autarca de Mirandela e presidente da sociedade metro. “Não posso aceitar esse relatório porque tem de haver uma causa para o acidente” afirma. Por isso, admite “reunir o conselho de administração do metro de Mirandela e saber se vale a pena fazer voltar a circular o comboio sem saber as causas”, acrescenta. Uma possível explicação para o acidente pode estar na abertura de uma vala que a Refer fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica. Junto ao local onde a automotora descarrilou, eram visíveis os sinais de obras recentes efectuadas mesmo por debaixo da plataforma. Esta é uma hipótese que José Silvano, o presidente da Metro de Mirandela, quer que seja investigada, uma vez que pode dar-se o caso de a base de cascalho que suporta a plataforma ferroviária ter cedido. A Câmara de Mirandela também vai pedir a intervenção de peritos estrangeiros, uma vez que, o autarca desconfia, que os técnicos que estão a fazer o inquérito pertencem a organismos e empresas com interesses na Linha do Tua. “Se for preciso, que haja uma comissão independente, espanhola, inglesa ou alemã, mas que descubra alguma situação que levou a haver aqueles acidentes no Tua durante este tempo” refere. As investigações esbarraram, no entanto, num problema legal relacionado com o disco que mede a velocidade da automotora. O disco foi recolhido logo a seguir ao acidente por elementos do núcleo de investigação criminal da GNR, que se aceitam entregá-lo ao Ministério Público. A investigação pedida pelo Governo não pode, assim, contar com uma informação relevante neste processo, apesar de o maquinista que dirigia o comboio acidentado garantir que circulava abaixo do limite recomendado para aquele local (35 quilómetros por hora).