Saneamento financeiro da Santa Casa de Alfândega da Fé pode levar a despedimentos

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Qui, 28/04/2011 - 11:28


A Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé está prestes a resolver os problemas financeiros que atravessa e que levaram a uma situação de salários em atraso com alguns funcionários. Arsénio Pereira, o provedor da instituição, está a tentar um empréstimo bancário, dando o lar como garantia. Segundo o jornal Nordeste, a operação só hoje deve ficar concluída, devido a problemas jurídicos sobre a posse do terreno que impediram, até agora, o registo do imóvel em nome da Santa Casa.

Quanto aos salários em atraso, Arsénio Pereira justifica com cortes impostos pela Segurança Social.

“Neste momento há meia dúzia de salários em atraso. A Segurança Social comparticipa-nos e impôs-nos uma redução de 15 utentes, mas tivemos de ficar com o pessoal que tínhamos. Esses acertos foram feitos em Fevereiro e sem aviso. Depois ainda nos pediram desculpa” por não avisarem.

 Arsénio Pereira garante que conta pagar os salários em atraso assim que o empréstimo seja viabilizado.

“Estamos a falar dos seis vencimentos mais altos. Seriam as pessoas que teriam um nível de vida mais alto e aguentariam um mês sem receber. Foi-lhes dito que seriam pagos assim que possível e isso será quando houver este encaixe financeiro. E é preciso pagar também aos fornecedores, porque quando aqui cheguei, os pagamentos eram um caos. Dentro de um mês devemos fazer face a tudo.”

 

O provedor da Santa Casa de Alfândega da Fé admite ainda a necessidade de uma reestruturação de algumas valências da instituição.

 

“Estamos a tentar uma operação financeira para regularizar os atrasos dos funcionários e para deixarmos de ter dívidas com os fornecedores para podermos pedir melhores preços. E é preciso reestruturar o quadro de pessoal. Os vencimentos que estão por pagar são das senhoras educadoras, que trabalham num infantário que dá cem mil euros de prejuízo por ano”, sustenta.

 Arsénio Pereira deixa mesmo um aviso aos funcionários.

“Se fosse educadora, eu estaria muito mais preocupado com o que poderá acontecer em Setembro, quando abrir o novo ano lectivo, do que com os salários de Fevereiro. Esta instituição tem de se organizar e é aí que as pessoas devem começar a ficar preocupadas”, diz, ameaçando com a possibilidade de despedimentos. Ameaças que, à Brigantia, já tinham sido reveladas por alguns funcionários, que se queixam de perseguições.

 Para além de despedimentos, o provedor admite não renovar alguns dos contratos existentes.

“Há medida que os contratos de trabalho a termo terminaram, não foram renovados. Mas agora temos mais três ou quatro que terminam brevemente e não serão renovados. Temos de ver se ainda vai ser necessário despedir pessoas dos quadros. Mas será inevitável passar pessoas de umas valências para outras. As pessoas depois terão de dizer se aceitam a mobilidade ou não.”

 

Arsénio Pereira diz que esta situação já vem, pelo menos, de 2004, com a anterior gestão, e que a situação vai implicar mobilidade.

 Admite mesmo transferir funcionários do infantário para o lar de Vilarelhos ou de Vilar Chão.

O infantário tem cerca de 40 crianças e quatro educadoras.

Escrito por Brigantia