Seg, 20/06/2011 - 09:24
Um dos elementos do grupo foi esfaqueado na cara e teve de receber assistência hospitalar.Foi suturado com 18 pontos.Ao que conseguimos apurar, o pai do ferido andou durante a noite à procura dos responsáveis e terá agredido um elemento que também foi assistido no hospital.Durante a tarde, os dois grupos que foram visitar os amigos encontraram-se na urgência e gerou-se a confusão.
“Parecia um pandemónio. Uns a correr atrás dos outros, eram rapazes de cor e outros brancos atrás, à pedrada e à paulada, com facas e cutelos” refere Leonel Pires, uma testemunha, acrescentando “a sala de espera estava praticamente cheia. Umas pessoas fugiram, outras desviaram-se o que puderam”. “Não era preciso fazerem isto” considera Laura Paranhos. “Não podemos ser racistas, temos de nos respeitar uns aos outros” acrescenta, salientando que “fiquei assustada. O meu filho meteu-se na casa de banho e não queria sair de lá, já nem queria ser consultado”.
Ao todo, sete indivíduos ficaram feridos.As pedradas na rua danificaram uma parede e uma ambulância dos bombeiros de Torre de Moncorvo.Utentes e profissionais de saúde temeram pela segurança.O vigilante do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) chamou a PSP.O gabinete de comunicação diz que “a actuação do vigilante é condicionada” e por isso “foram tomadas as medidas de segurança comunicando o caso à PSP para comparecer no local e controlar a situação”.Sábado à tarde havia apenas quatro agentes de serviço, sendo que o agente que habitualmente policia os estacionamentos naquela zona da urgência não faz serviços ao fim de semana.As autoridades identificaram 15 indivíduos, mas alguns conseguiram fugir. Um dos jovens envolvidos, mas que não quis ser identificado, conta o que motivou a agressão durante a noite.“Há três meses atrás um colega nosso foi agredido, à saída da discoteca, por um jovens que estava bêbado. Deram-lhe com um punho de ferro na testa” conta. “Agora o que se passou é que o meu colega não gostou das bocas que o puto andava a mandar e deu-lhe com uma faca na cara para o deixar com a mesma marca que o rapaz deixou o meu colega”. E acrescenta que as rixas entre estes dois grupos já duram há bastante tempo. “Esta história já vem de há quatro anos atrás, muito antes de nós estarmos cá a estudar, com colegas nosso de Cabo Verde” refere. “Mas isto não tem nada a ver connosco porque nós somos de São Tomé, mas eles acham que por termos a mesma cor também se devem meter connosco” conclui-Mas a história não fica por aqui.Um dos fugitivos foi esfaqueado numa mão e ao chegar a casa acabou por pedir assistência ao 112 regressando ao hospital transportado pelos bombeiros de Bragança que tiveram de pedir a ajuda da PSP para garantir a segurança.Nesta altura um dos grupos regressou à unidade hospitalar alegadamente com a intenção de se vingar.A PSP viu-se obrigada a pedir a colaboração dos bombeiros e Guarda Prisional.Gerou-se novamente a confusão, mas desta vez no parque de estacionamento junto à entrada principal da unidade hospitalar.As autoridades conseguiram evitar a aproximação entre os dois grupos mas viram-se obrigadas a recorrer a armas e a gás para afastar os indivíduos.Um acabou detido, oferecendo alguma resistência.
Os utentes não ganharam para o susto.
“Há crianças lá dentro que estão muito assustadas nem querem sair para fora” diz Cidália Canelha, uma utente do CHNE. “Não eram coisas de acontecer neste sítio, principalmente numa cidade destas, pois pensa-se que é uma cidade calma e afinal é igual às outras”.O detido vai ser presente hoje a tribunal.
Relativamente à falta de agentes da PSP, o comandante, Amílcar Correia, remeteu esclarecimentos para esta segunda-feira.
Escrito por Brigantia