Qua, 04/12/2024 - 09:05
Segundo a APPITAD- Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, prevê-se um aumento entre 20 a 30% de azeitona e uma descida significativa do preço do azeite. Um problema para os agricultores da região, salienta o presidente da associação, Francisco Pavão. “Nós vamos ter mais azeitona, entre 20% a 30%, mas de azeite, na nossa opinião, andará com um aumento de 15% a 20% de azeite. Prevê-se uma quebra de preço de azeite muito alta. E nesses cenários mais negros estamos abaixo do limiar da rentabilidade, isto é, estaremos a prever vender azeite mais barato do que nos custa, o que é bastante preocupante”.
Higino Ribeiro é um dos produtores da região. Tem quase 30 hectares no concelho de Mogadouro, onde espera colher pouco mais de 30 toneladas de azeitona, um ano idêntico ao anterior. Embora o preço da azeitona também tenha baixado, mais de 20 cêntimos, o olivicultor acredita que pode compensar mais vender o fruto do que o azeite. “O ano passado, se calhar, não compensava, porque o azeite teve um preço muito bom. Se calhar, era o preço justo. Fazer um litro de azeite é muito caro, não era assim um preço tão exorbitante. Agora, este ano vai haver uma quebra de 25 ou 30%. Se calhar será melhor vender a azeitona. Não sabemos, não sabemos, porque também não sabemos como é que vai ser pago o azeite”.
Para quem tem regadio, a produção de azeitona não é um problema. Sá Morais Castro é o maior produtor de azeite da região. Tem 480 hectares de olival, nos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Mirandela. Embora os preços do azeite desçam este ano, acredita que vai vender acima da média nacional, adianta o engenheiro agrónomo Delfim Pedro. “A nível de produção de azeite tenho a ideia que estamos com 1 ou 2% acima de rendimento em relação ao ano passado. E ainda não entrei nas parcelas que costumam ter rendimentos mais altos, por isso é expectável que esse valor aumente um bocado. Tendo em conta as cotações, normalmente as que temos acesso são de Espanha, que é o maior produtor mundial de azeite, é expectável, e já se consegue confirmar, uma quebra nos preços pagos ao produtor. O ano passado foi um azeite Supreus a 9€ por quilo, vendido a granel”.
O lagar é a solução para muitos olivicultores, servindo de “intermediário” até ao consumidor final. Filipe Rodrigues tem um lagar no Lombo. Faz e compra o azeite dos agricultores da aldeia. Este ano, prevê que o preço caia mais de dois euros, mas por outro lado pode recuperar clientes que perdeu. “Como o ano passado foi um ano de subida abrupta dos preços, houve muita quebra no consumo. Tinha clientes que compravam azeite e alguns começaram a comprar só metade e outros deixaram de vir. Começaram a recorrer aos óleos. Com o aumento de produção, se o preço desce, vamos ver se o cliente vai recuperar esse hábito do consumo de azeite. Se calhar alguns não recuperarão”.
A safra da azeitona começou no início de Novembro para grande parte dos produtores da região.
Devido à falta de mão-de-obra, os empresários estão a apostar, cada vez mais, na apanha mecanizada.
Escrito por Brigantia