Seg, 08/04/2024 - 09:22
Apesar do aumento verificado de produção, as alterações climáticas têm sido um desafio para os agricultores, uma vez que o aumento da temperatura no inverno tem causado uma floração antecipada, aumentando assim o risco de perda de produção com as geadas.
Para André Vaz, gerente da Cooperativa Soutos Os Cavaleiros, destaca que, este ano, as condições meteorológicas trouxeram algumas vantagens e desvantagens. “Em termos de temperaturas e horas de frio conseguimos ter um clima mais ou menos adaptado ao desenvolvimento normal da amendoeira. Mas por outro lado também temos humidade e temperaturas médias o que também potencia o aparecimento de algumas doenças, nomeadamente doenças fúngicas”, referiu.
Apesar desses desafios, o gerente da cooperativa macedense expressa optimismo em relação à produção deste ano.
Bruno Cordeiro, presidente da AmêndoaCoop, em Torre de Moncorvo, partilhou preocupações com os preços baixos no ano anterior, nomeadamente no mercado estrangeiro. “O nosso principal mercado é o espanhol, porque é lá que se encontram a maior parte das britadeiras, por isso esteve muito abaixo do normal, foi ano com preços mais baixos que se praticaram, em termos de produção também foi abaixo da média”, disse.
Com a produção a aumentar e os preços a baixarem, André Vaz ressalva a necessidade de os produtores locais estarem atentos às tendências globais e de adoptarem estratégias que garantam a competitividade dos seus produtos, nomeadamente a produção biológica. “O biológico é o futuro da amêndoa em Trás-os-Montes, que é a diferenciação que podemos ter em relação à produção em massa. Se conseguirmos ultrapassar estes problemas com os resíduos da amêndoa biológica e os nossos produtores conseguirem manter a reconversão e produção em biológico como tem sido a direcção nos últimos anos, poderá ser por aí que conseguimos fazer a diferença”, vincou.
Alfredo Vaz, produtor do concelho de Mirandela, mostrou-se receoso com a situação climatérica actual para a produção. “As amendoeiras têm tido uma floração antecipada e caso haja alguma geada mais forte nos próximos tempos corremos um sério risco de perder a produção que temos e como tem sido um ano com bastante chuva preocupa-me a humidade que vai provocar fungos. Com a produção em regime biológico é mais difícil fazermos frente a algum tipo de doenças fúngicas que são normais”, disse. No entanto, quanto ao regime biológico, aponta que o maior problema são os atrasos nos pagamentos dos subsídios.
A produção de amêndoa em Trás-os-Montes tem vindo a aumentar, mas enfrenta desafios climáticos significativos. No entanto, para os especialistas, a produção biológica pode vir a diferenciar a amêndoa transmontana no mercado.
Escrito por Brigantia