Seg, 09/12/2024 - 08:12
Mais de 20 jovens saem, anualmente, de Vimioso, para completar a escolaridade obrigatória.
Os alunos que queiram continuar a estudar têm de fazê-lo em concelhos vizinhos. Os que vão para Mogadouro ou Miranda têm transporte gratuito, por parte da câmara. Os que estudam em Bragança têm de residir na cidade e continuam a ser os pais que pagam o alojamento, apesar de, em 2022, Ana Abrunhosa, que era Ministra da Coesão Territorial, ter prometido que seria o Governo a assegurar esse encargo. António Santos, presidente da câmara de Vimioso, lamenta que a promessa não se tenha cumprido. “Tenho ouvido muitas mães e muitos pais, todos os dias no meu gabinete, questionarem-me o que é que vão fazer. Pagam a residência em Bragança? Eu tenho aconselhado, sempre, que não paguem. Se alguma criança for expulsa da residência por falta de pagamento, então temos um problema muito grave. Alguém vai ter de me aturar. Eu vou morder canelas, como dizia Miguel Esteves Cardoso, até que o sangue jorre das canelas das pessoas”.
Há vários anos que a câmara reclama ensino secundário no concelho, mas, até agora, continua tudo na mesma. Presidente do município desde Agosto, António Santos diz que vai continuar a lutar pela escolaridade obrigatória, tal como o fez o ex-autarca, mas admite que não vai ser tão simpático. “O Jorge Fidalgo tinha uma postura reivindicativa mais adulta, mais cordial, eu não tenho. Não contem comigo para cordialidades. Não contem comigo para ser politicamente correcto”.
Esta foi uma das preocupações que o presidente transmitiu na abertura da Feira de Artes, Ofícios e Sabores, na sexta. Presente na inauguração do certame esteve Hernâni Dias, secretário de Estado da Administração Local, que garantiu que iria transmitir o problema a quem de direito. “Eu, neste momento, não tenho nenhuma resposta que possa facultar, eu posso é prometer que vou levar o recado a quem de direito. Acredito em tudo aquilo que é possível ser feito. A verdade é que em determinados momentos, e inclusivamente fruto das circunstâncias, há questões que não é possível resolver. Não sei se é esta. E, portanto, eu neste momento não vou estar a comentar rigorosamente nada sobre essa matéria porque não tenho informação suficiente que me permita responder da forma que o sr. presidente gostaria que eu respondesse”.
Esta foi já a vigésima terceira edição do certame. Os expositores não perdem a feira, sobretudo, para divulgar o que produzem. “Já vim no ano passado e foi boa em termos de vendas. A divulgação também é muito importante”, disse Carolina Joaquina. “Não trago tudo para aqui mas depois as pessoas, que me veem aqui, passam por minha casa e compram”, referiu Helena Oliveira.
A falta de escolaridade obrigatória em Vimioso continua a ser uma das maiores preocupações para o executivo autárquico. Um assunto que marcou o arranque da feira, que decorreu entre sexta-feira e ontem.
Escrito por Brigantia