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Presidente da Associação Portuguesa de Imprensa realça reposição da publicidade sobre fundos europeus nos órgãos de comunicação regionais

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Qua, 03/07/2024 - 15:27


A associação já apresentou um conjunto de medidas ao Governo que gostava de ver concretizadas

Se nada for feito, mais órgãos de comunicação social vão fechar. O alerta é da presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, depois de ter sido aprovado, na Assembleia da República, a reposição da publicidade sobre fundos europeus nos órgãos de comunicação regionais. Cláudia Maia salienta a importância desta medida, tendo em conta a diminuição da publicidade nos jornais. “A possibilidade de anunciar e publicitar pelos órgãos regionais os fundos europeus é tremenda. A publicidade tem vindo a cair, nos jornais, em papel. Segundo dados do INE, o investimento publicitário na imprensa caiu 52% em quatro anos. É tremendo. É uma das principais fontes de rendimento dos jornais”.

A associação já apresentou um conjunto de medidas ao Governo que gostava de ver concretizadas. Uma delas tem a ver com a portaria para publicitação das decisões das autarquias locais. Foi criada em 2013, mas nunca foi em prática, porque não foi criada uma tabela de preços. O que fez perder à imprensa regional milhões de euros. “Há 11 anos que se espera pela publicação desta portaria que fixa a tabela de custos. Estimamos que a não publicação desta portaria, não tenha valido à imprensa regional 110 milhões de euros, ou seja, cerca de 10 milhões de euros por ano. Isto é o que a imprensa regional deixou de receber por faltar esta portaria”.

A distribuição dos jornais pelos CTT é outro dos problemas. Não está a ser feita atempadamente, o que pode levar ao fecho de órgãos de comunicação. “Quando um jornal diário tem de sair no dia a seguir e chega a casa dos subscritores dois ou três dias depois, acontece que o subscritor não precisa do jornal para nada, porque paga para ter actualidade e não vai ter, porque recebe as notícias requentadas e já as viu provavelmente noutro sítio qualquer. O subscritor reclama com a empresa, porque não recebeu o seu jornal a tempo e está a pagar para um serviço que não lhe está a ser entregue. E, por outro lado, temos os anunciantes que fazem publicidade, se o jornal chega a casa depois do evento ou do que quer que seja, também não serve o propósito do anunciante”.

Cláudia Maia vinca que o Governo tem de tomar medidas, caso contrário, a democracia é posta em causa. “O último estudo sobre o deserto de notícias em Portugal apontava para 25% dos municípios em Portugal sem qualquer órgão de comunicação regional. Isto é um sinal de que o panorama não é bom. Estamos numa tempestade perfeita e se não for feito nada, mais órgãos de comunicação vão fechar e isto põe em causa a democracia. Se não há escrutínio do poder público, do poder local, se não há informação credível, é complicado, as pessoas não têm forma de ter acesso à informação e coloca em causa a democracia”.

Declarações de Cláudia Maia, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, no seguimento da aprovação da reposição da publicidade sobre fundos europeus nos órgãos de comunicação regionais.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais