Qui, 27/03/2025 - 09:17
No distrito, a Matiz, com sede em Mirandela, tem-se revelado uma ajuda preciosa, em termos de saúde mental, dada a falta de respostas nesta área. A associação está a criar a primeira residência para pessoas com doença mental e é também a única na região que oferece apoio domiciliário a pessoas com estas patologias. A IPSS presta, desde 2023, este serviço.
Os técnicos da equipa Matiz + Perto visitam os utentes, que se encontram em fragilidade e vulnerabilidade psicológica e que não estão a conseguir ser capazes de fazer aquilo que outrora faziam autonomamente, ajudando-os em vários domínios. “Francisco” é um dos beneficiários. “Eles ajudam-me a ir às compras, a gerir o dinheiro e a ser mais autónomo. As visitas são independentes para me tornar mais independente. Tenho aprendido muita coisa”, rematou.
A equipa é constituída por elementos das áreas da psicologia, serviço social, reabilitação psicossocial, ação direta e enfermeira especialista em saúde mental e psiquiatria. Prestam serviços especializados de proximidade a pessoas que sofrem, por exemplo, de esquizofrenia, bipolaridade e depressão.
Neste momento, a equipa ajuda 14 utentes e faz mais de 150 visitas mensais. O objetivo é ajudar os utentes a ser independentes, esclarece Filipa Febre, coordenadora da equipa e assistente social. “O número de visitas é definido numa avaliação inicial, atendendo às necessidades da população e é correspondente às necessidades. À medida que o processo de reabilitação vai evoluindo, a tendência é que as visitas comecem a reduzir, até conseguirmos o nosso objetivo, que é a alta e que a pessoa consiga estar a viver autonomamente, sem qualquer intervenção”, frisou.
Vítor Carmo é psicólogo da equipa. O que mais percebe é que há “desconhecimento” da doença por parte do utente e da família. Desmistificar a doença é só o começo do processo. “Começo por trabalhar a literacia em saúde mental, que passa pela psicoeducação, com o objetivo de melhorar e aumentar os conhecimentos sobre a doença mental, que, muitas vezes, incompreendida torna-se um estigma. Para além de trabalharmos com os utentes e familiares, também tentamos sensibilizar a comunidade. Irá haver uma maior probabilidade de sucesso na integração social destes utentes se a comunidade também estiver preparada e esclarecida para isto das doenças mentais graves”.
Sara Comba, técnica de reabilitação psicossocial, é responsável pelo treino de competências. O grande desafio é ajudar os utentes a fazer as coisas básicas do dia a dia. “O treino de competências é feito ao nível da higiene pessoal, higiene habitacional, criação de rotinas, já que muitos utentes perderam, um pouco, hábitos diários de se levantarem, lavarem-se, tomarem o pequeno almoço. Tentamos de alguma forma promover a autonomia, no dia a dia da pessoa, respeitando o tempo da pessoa”.
A Matiz foi criada em 2017. Apesar de recente, o seu trabalho já é bastante reconhecido na região, destaca a presidente, Sara Araújo, que diz que o grande objetivo é promover um trabalho de continuidade. “Os objetivos da Matiz são de continuidade daquilo que é a sua missão. E a sua missão é a criação de cuidados vocacionados para a reabilitação psicológica e social em matérias de saúde mental, trabalho de combate ao estigma e sensibilização da comunidade nestes domínios da saúde mental”.
A Matiz tem sede em Mirandela e tem-se focado em vários aspetos no domínio da assistência nos cuidados de saúde mental na região de Trás-os-Montes, a fim de facilitar o acesso aos mesmos a toda a população.
Grande parte dos 14 utentes que a Matiz ajuda, em apoio domiciliário, residem sozinhos e têm idades entre os 33 e os 87 anos.
Escrito por Brigantia