“Lei do Mirandês” celebra 25 anos

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Seg, 18/09/2023 - 09:06


Fez, ontem, 25 anos que foi aprovada, na Assembleia da República, a “Lei do Mirandês”

A única "forma de lei" que reconhece os direitos linguísticos da comunidade mirandesa. Júlio Meirinhos foi responsável por todo o processo, era deputado na assembleia. Lembra que foi um caminho difícil até que todos os partidos estivessem do seu lado.

“Foram negociações difíceis, eu costumo dizer que alguns almoços derreteram a simpatia pela língua mirandesa, mas no início não era algo que nos afigurasse fácil, mas transformou-se num processo, com calma e convicção, de grande simpatia de todos os grupos parlamentares”, disse.

Júlio Meirinhos reconhece que a aprovação da lei foi um marco histórico e que serviu para mudar a maneira como as pessoas olhavam para a língua mirandesa.

“O Estado Novo e até a própria igreja, há decretos do bispo da diocese, em que proibia rezar em mirandês e, portanto, havia uma pressão sobre as crianças para não falar o mirandês. As pessoas sentiam-se envergonhadas, não estavam à vontade, tentavam falar o fidalgo e com a lei isso muda radicalmente, passou a haver um orgulho, uma proa em falar mirandês”, frisou.

Contudo, segundo um estudo da Universidade de Vigo, o mirandês vai desaparecer em 20 anos porque apenas 2% dos jovens usam a língua. Alfredo Cameirão, presidente da Associaçon de Lhéngua I Cultura Mirandesa, diz que para que isso não seja uma realidade é preciso pôr algumas medidas em prática.

“O mirandês desaparecerá se não forem tomadas medida enérgicas, nomeadamente concretização das medidas da Carta Europeia, a criação de uma entidade que possa responsabilizar-se pela língua, o melhoramento da presença do mirandês nas escolas e também reforçar e intensificar a presença do mirandês no quotidiano dos mirandeses”, referiu.

Alfredo Cameirão diz que a escola é o futuro da língua, que é uma disciplina extra curricular, ensinada no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro. A ideia era que fosse curricular e que houvesse livros pata a estudar.

“A língua mirandesa pode transformar-se numa disciplina curricular e pode também aprender-se na escola não só mirandês, mas também podem ser dados passos no sentido de se poder aprender Matemática, Biologia, Física em mirandês”, defendeu, acrescentando que está a ser desenvolvido um projecto para criar manuais.

Segundo um estudo, deste ano, da Universidade de Vigo, há 1500 pessoas que são capazes de falar regularmente a língua.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves/Ângela Pais