Seg, 16/09/2024 - 08:53
Há várias semanas que o incêndio está extinto, mas agora é preciso recuperar o que ardeu. A força de sapadores esteve no terreno a fazer trabalhos de estabilização. “Uma das coisas que está a ser feita é tentar estabilizar o processo erosivo na encosta através da colocação de palhas, de criar barreiras de contenção dos sedimentos que escorrem das encostas, desobstruir passagens de água e aquedutos, de maneira a que o território possa recuperar, porque estamos numa área extremamente importante do ponto de vista de conservação a natureza, onde há espécies raras, importantes, que precisam de território pouco perturbado e portanto queremos que ele recupere rapidamente”, explicou José Rosa, do ICNF.
E para recuperar rapidamente, foram espalhadas sementes de plantas que nascem num curto espaço de tempo, para que em meados de Outubro ou Novembro comece a surgir vegetação. Foi também semeado centeio. “Estes territórios e estas cinzas vão promover um crescimento rápido da vegetação com características que até são muito palatáveis e, portanto, atractivas para os herbívoros”, acrescentou.
Com alimento a nascer nas zonas mais afastadas da população, os animais não atacarão as culturas agrícolas. Por isso, para Pedro Afonso, presidente da Associação de Caça e Pesca de Rabal, esta acção é uma mais-valia. “Embora pensem que só comem os rebentos, não é bem assim. O cereal é importante não só para os veados, como para os coelhos, qualquer tipo de animal. Isto é uma mais-valia, sem dúvida, a força de sapadores fazer esta estagnação de água com cinzas”, sublinhou.
Devido ao pouco alimento nas zonas de caça, os veados têm provocado grandes prejuízos aos agricultores. Com o incêndio, a situação agravou-se. Pedro Afonso considera que as associações responsáveis pela gestão de caça deveriam ter autoridade para fazer o controlo da espécie. “Acho que devíamos ter o à-vontade de poder coordenar umas caçadas ao veado, era muito importante. Qualquer zona de caça daqui tem vários prejuízos incalculáveis. O que queremos é o controlo da espécie, não é a extinção da espécie”, reclamou.
Têm sido várias as queixas dos agricultores face aos prejuízos causados pelos veados depois do incêndio, que consumiu 500 hectares de terreno, no Parque Natural de Montesinho, onde há espécies raras, como o melro-das-rochas, o picanço-de-dorso-ruivo, o gato-bravo e o lobo-ibérico.
De modo a que os animais não se aproximem da população e das culturas agrícolas, o ICNF e a Associação de Caça e Pesca de Rabal semearam centeio em zonas estratégicas. Foram também criadas barreiras que impeçam que as cinzas escorram para as linhas de água e colocada palha para estabilizar o processo erosivo na encosta.
Escrito por Brigantia