Futuro da barragem e Linha do Tua debatidos em Mirandela

PUB.

Seg, 17/11/2008 - 11:32


O presidente da Câmara de Mirandela vai propor ao Governo a criação de um fundo de cerca de 50 milhões de euros para uma estratégia de desenvolvimento a partir da linha do Tua, com o intuito de parar a intenção de ser construída a barragem.   A proposta foi avançada, no sábado, num debate, em Mirandela, sobre a linha e a barragem promovido pelo presidente da Assembleia Municipal, onde não esteve presente nenhuma entidade responsável pela linha a não ser a EDP que apresentou alternativas para ser compatível a construção da barragem e a continuidade da linha, caso venha a ser construída à cota mínima de 170.

José Silvano acredita que a manutenção do vale do Tua, principal atractivo turístico das viagens de comboio, e a reactivação da linha até Bragança, com ligação a Puebla de Sanábria, em Espanha, será uma mais valia muito maior para o desenvolvimento da região do que a barragem projectada para a foz do Tua. Por isso propõe que os 53 milhões de euros que a EDP já teve de pagar ao Estado para a concessão provisória da barragem sirvam para criar um fundo de investimento para desenvolver a região. “O dinheiro que nós queremos tem que vir do Governo porque se depois não houver barragem, quem tem que indemnizar a EDP é o Governo”, explica.

 

No entanto, o autarca de Mirandela diz estar muito desconfiado do que pode acontecer à linha do Tua, depois de, sexta-feira, ouvir a Secretária de Estado dos Transportes, na comissão de Obras Públicas, apresentar um compromisso temporal para um conjunto de acções de recuperação global e melhoria da segurança da linha, dando um sinal de que a linha é para manter, e o Ministro da Economia continuar a afirmar que a prioridade é a construção da barragem de Foz-Tua.

 

José Silvano quer perceber qual é a intenção do Governo e para isso pretende realizar um debate sobre a linha do Tua, no final do mês de Janeiro, em Lisboa, para que seja esclarecida, de uma vez por todas esta situação, sob pena de se estar a preparar um decisão definitiva, apenas para depois das eleições legislativas. “A Secretária de Estado apresenta um calendário de obras até Março, de certeza que vão implicar milhões de euros, e não consigo perceber como é que o governo tem nas duas empresas públicas tenha versões diferentes”, alega.

 

O presidente da Assembleia Municipal de Mirandela lamentou a ausência de representantes do Governo, da CP, da Refer, depois de terem sido convidados para este debate, moderado por Carlos Magno.

 

De facto, a única entidade representada neste debate foi a EDP que está disposta a realizar uma série de investimentos para que seja compatível a construção da Barragem do Tua e a continuidade da linha ferroviária. António Castro, revela que, caso o estudo de avaliação de impacte ambiental aprove a construção à cota 170, que afectaria os primeiros 14 quilómetros da linha do Tua, a empresa está disposta a investir em alternativas no domínio do transporte local e na vertente turística. “O que nós propomos é são autocarros ou mini-buses para a hipóteses do turismo, mas estamos abertos a outras soluções como os barcos”, explica.

 

Apesar desta abertura, ninguém pareceu convencido. André Pires, do Movimento Cívico da Linha do Tua, é o porta-voz dessa ideia e está mesmo convencido que a construção da barragem é incompatível com a continuidade da linha ferroviária

  

A solução apresentada pela EDP não convenceu os defensores da continuidade da linha do Tua.