Funcionários do matadouro do Cachão não acreditam em solução satisfatória

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Ter, 23/11/2010 - 18:14


Os 43 funcionários do matadouro do Cachão não têm o emprego em perigo, apesar da má situação financeira da empresa. A garantia foi-lhes dada ontem pelos presidentes das Câmaras de Vila Flor e Mirandela. As duas autarquias detêm, desde há quatro anos, a quase totalidade do capital da Agro-industrial do Nordeste, que engloba o matadouro.

Nos últimos meses, as condições dos trabalhadores deterioraram-se com atrasos no pagamento de salários e o fantasma do desemprego começou a pairam no Cachão.

Ontem, em sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Vila Flor convocada para debater o assunto, o autarca local, Artur Pimentel, garantiu que as Câmaras vão continuar empenhadas em manter os postos de trabalho:

“As câmaras municipais de Vila Flor e Mirandela receberam a AIN em condições industriais. Na altura agarrámos o matadouro para salvaguardar os postos de trabalho e é isso que queremos fazer.”

O autarca de Mirandela, José Silvano, assina por baixo e admite que o matadouro do Cachão tem tido uma gestão deficitária, tendo neste momento um défice de mais de 600 mil euros:

“O que eu quis que ficasse claro é que as duas câmaras estão as duas a fazer um esforço financeiro para que os salários estejam em dia, porque a gestão do matadouro tem sido deficitária. Mas não é de agora. Não podem ser as câmaras a pagar esse défice, até porque estamos em crise. Há que dar o passo em frente.”

E este passo em frente tem duas saídas possíveis:

 “Ou as câmaras arranjam uma solução que é uma administração profissionalizada, capaz de equilibrar as receitas com as despesas e continuam sendo os únicos accionistas do matadouro ou isso não é possível e temos uma empresa disponível, já a partir de Janeiro, para investir 800 mil euros na modernização do Cachão, ficando com 70 por cento e as câmaras com 30 por cento. É para que façam melhorias para o matadouro, porque não aceitam dívidas nem receitas. A empresa que está interessada é a BeiraLamego, antiga Sete Irmãos Unidos, juntamente com um sócio angolano, a Lactangol.”

Entre os 43 funcionários do matadouro do Cachão permanece a desconfiança em relação ao futuro, porém, com a certeza que a situação não pode continuar como está.

Domingos Granado, chefe do sector de abate e a trabalhar no Cachão há quase 26 anos, enumera os principais problemas:

 “Existem imensas dívidas, devido à má gestão dos últimos anos. Diminuíram os abates. Vamos tentando fazer o melhor possível mas com as dívidas falta-nos material. Não acredito que ninguém fique com aquilo. A custo zero talvez, mas ficar com os trabalhadores todos… não sei, aquilo é demasiado grande para aquilo que se faz. Com uma boa gestão, daria para ficar a maioria.”

Apesar das garantias dos autarcas, os trabalhadores do matadouro do Cachão saíram da Assembleia Municipal de Vila Flor, realizada ontem de propósito para discutir este assunto, com algumas dúvidas e ao mesmo tempo surpreendidos. É que ficaram a saber pelo presidente da Câmara de Vila Flor que o salário de Outubro foi pago, precisamente, ontem.

Escrito por CIR