Seg, 31/05/2010 - 10:29
Carlos Silva, um dos responsáveis pela formação na cadeia de Bragança, diz que é um primeiro passo rumo à liberdade.
“Iniciar ali a inserção deles na sociedade, na escola. É a primeira etapa, porque quando chegam aqui não podem vir para o exterior, têm de ter determinadas condições. A escola é a primeira oferta. Depois tudo vai caminhando até eles terem condições de vir para o exterior.”
Daniel Cruz tinha apenas o sexto ano quando foi preso mas agora já terminou o nono ano e até já consegue ver filmes sem olhar para as legendas.
“Uma vez que estamos aqui temos de nos rentabilizar de alguma maneira. Se tivermos a mais valia de aprendermos alguma coisa, é bom, em vez de estarmos parados.” Daniel Cruz destaca “o inglês e os computadores” como mais valias. “De inglês não sabia nada e agora, se ouvir uma conversa na TV, já percebo alguma coisa. Mesmo para ver filmes. Não sou especialista mas percebo alguma coisa.”
Jorge Herdeiro é outro dos reclusos que frequenta a formação B3, equivalente ao nono ano.
Especialista em matemática, não esconde a alegria de ter aprendido a trabalhar com um computador. Para além da ajuda que as aulas dão para passar o tempo.
“Para já, vou preenchendo mais o tempo e vou adquirindo mais conhecimentos. Nunca tinha trabalhado com os computadores e dá muito jeito quando sair lá para fora. Antes nunca tinha mexido num. Nem o sabia fechar, quanto mais ligá-lo.”
Dos 41 reclusos que cumprem pena na cadeia de Bragança, 16 frequentam acções de formação.
Como a maioria está num regime aberto, com licença para vir ao exterior trabalhar, as aulas são dadas em regime pós-laboral.
No entanto, para além das dificuldades em encontrar material, sobretudo computadores, o espaço também é pouco e não permite alargar a formação ao secundário nem a cursos profissionais.
Mas o director do estabelecimento prisional de Bragança, Mário Torrão, destaca ainda outros problemas.
“Há pouca gente, poucos presos. A maior parte trabalha e não estamos a prever um aumento da população reclusa, que é muito flutuante. Tem havido muitas liberdades condicionais. Temos tentado mandar para aqui alguns presos de Izeda.”
Com capacidade para mais de 80 reclusos, a cadeia de Bragança alberga, nesta altura, 41, com 16 deles a frequentarem acções de formação.
Escrito por Brigantia