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Festas de Mirandela em risco de não se realizar

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Ter, 08/04/2008 - 08:22


A comissão da confraria de Nossa Senhora do Amparo coloca a hipótese de se demitir em bloco, e desta forma fica em perigo a realização das centenárias festas da cidade de Mirandela, marcadas para o período de 25 de Julho a 3 de Agosto. Esta situação fica a dever-se a mais uma dívida que a direcção foi notificada a pagar, que já ascende a mais de trinta mil euros e que vem juntar-se a outros trinta mil que a confraria está a pagar anualmente até 2013. Situação que está a desmotivar os elementos da confraria.  

Para perceber a proveniência destas dívidas é preciso recuar ao ano de 1995. Nessa altura, durante o habitual espectáculo de fogo de artifício, um jovem mirandelense foi atingido por uma cana de foguete que lhe provocou lesões graves. O processo foi parar ao tribunal, com a família a pedir uma indemnização de cerca de 450 mil euros, para a vítima e mais 24 mil euros para os pais do jovem para pagamento das despesas suportadas ao longo de vários anos, com o tratamento e medicações. Em 1999, o tribunal deu razão aos queixosos, mas a Mesa da Confraria tinha um seguro para este tipo de incidentes cujo valor máximo era de 250 mil euros. A verba foi entregue ao queixoso, mas ficou a faltar cerca de 200 mil euros, para a vítima, mais 24 mil euros para os pais. Em 2005, foi mesmo requerida a execução de uma penhora sobre grande parte dos bens e das fontes de receita daquela confraria, mas viria a ser obtido um acordo para o pagamento da indemnização ao jovem, cerca de 30 mil euros durante nove anos. Já foram liquidadas três prestações, mas agora o advogado dos pais da vítima vêm reclamar o pagamento da sua indemnização devida, que, com juros de mora, já vai em cerca de 34 mil euros. A actual comissão alega que desconhecia esta dívida, pensando que já estaria incluída no acordo celebrado em 2005. Alfredo Fernandes, da direcção da confraria, diz-se “chocado” com a situação porque “desde 2005 que o acordo de indemnização foi feito e omitiu-se esta dívida”.O advogado dos pais da vítima do acidente, em 1995, propôs o pagamento desta dívida em oito prestações anuais de 6 mil euros, mas a direcção das festas da cidade diz não poder pagar essa quantia e estão desmotivados porque sentem-se “a remar contra a maré porque pensamos que temos os problemas mais ou menos controlados e surgem outros” refere Alfredo Fernandes adiantando que alguns elementos até já abandonaram a confraria uma vez que “as pessoas não aguentam a pressão e vão-se embora”.Alfredo Fernandes admite mesmo que esta situação provoque a demissão da actual confraria, apenas a três meses e meio do início da festa. “Pomos a hipótese de abandonar, caso não seja possível continuar”, afirma.