Qui, 10/04/2008 - 08:55
16 enfermeiros, um médico e cinco auxiliares do hospital de Mirandela integram as equipas que, desde 2006, realizaram cerca de duas centenas de intervenções cirúrgicas de oftalmologia, durante as suas folgas, no âmbito do programa de combate às listas de espera. Em 2006, para lá da produção base contratual, as equipas realizaram mais 95 cirurgias. Já o ano passado, o número de intervenções suplementares ultrapassou as 130. No entanto, a administração só ainda pagou cerca de metade relativo a 2007, já que a verba total acabou por ser distribuída pelos profissionais de saúde do hospital de Bragança que nem sequer atingiram a produção base, e também não pretende pagar as intervenções cirúrgicas feitas em 2006, que significa uma verba que ascende a 45 mil euros.
“Os enfermeiros estiveram a trabalhar no bloco operatório em 2006 e 2007 e tinham direito às horas extraordinárias e aos suplementos remuneratórios conforme combinado com o conselho de administração e não lhe foram pagas” explica Antónia Alves, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. “A administração pagou parte de 2007 e disse que de 2006 não tinham direito”.
Desmotivados para continuar a contribuir para o combate às listas de espera, alegando que, com esta tomada de posição perde a instituição e acima de tudo os utentes que vêm prolongar o tempo de espera para uma operação, desde Setembro do ano passado que os enfermeiros deixaram de estar disponíveis para efectuar as intervenções cirúrgicas adicionais e Antónia Alves, do sindicato dos enfermeiros portugueses, admite que o caso pode seguir para tribunal.
Faria Pires, o director do serviço de oftalmologia do hospital de Mirandela e responsável pelas intervenções cirúrgicas, admite a existência deste diferendo, mas adianta que “o problema está a ser resolvido”.
Já o director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste, desdramatiza esta polémica. Sampaio da Veiga diz já ter pago o correspondente a 2007 e que o ano de 2006 não será pago por não existir nenhum contrato programa nesse sentido. “Nós trabalhamos com contratos-programa e ele só incluía pagamentos suplementares a partir de 2007 e portanto não podemos fazer pagamentos que não fazem parte do contrato” afirma.
O que é certo é que existem os registos das operações efectuadas e os enfermeiros não entendem esta tomada de posição da administração.