Centros de Saúde sem radiologia

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Sex, 19/08/2011 - 10:52


Quatro centros de saúde do distrito de Bragança estão há duas semanas sem serviço de radiologia. Em causa, está a falta de pagamento de horas extra-ordinárias aos técnicos do serviço dos centros de saúde de Alfândega da Fé, Vimioso, Miranda do Douro e Freixo de Espada à Cinta. O limite legal de 100 horas extraordinárias por ano foi já ultrapassado.  

Manuel Lobo, representante dos técnicos, diz que o serviço ficou suspenso por tempo indeterminado.

“Já tentámos diversas soluções com a administração mas tem havido um vazio de ideias. Já não nos pagavam horas extra desde Junho e nós fomos assegurando o serviço por nossa conta e risco, na esperança de que as coisas se pudessem resolver, por entendermos que as populações não poderiam ser prejudicadas”, sublinha.

Manuel Lobo diz que são quatro profissionais nesta situação, não ultrapassando, no total, os 700 euros mensais.

“Este valor acaba por ser irrisório porque, nós não indo ao centro de saúde, as pessoas terão de se deslocar a Bragança ou a clínicas convencionais, resultando daí muito maior despesa para o Estado”, frisa.

À Brigantia, e sem gravar declarações, Vítor Alves, o director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, diz que está de mãos atadas.

Vítor Alves garante que já foi pedida uma autorização ao Governo para desbloquear a situação, mas a resposta foi negativa.

Mas quem não se conforma com esta situação é a população.

Ontem, em Miranda do Douro, eram várias as queixas que se ouviam.

“Sobretudo para as pessoas de idade fica um pouco longe para se deslocarem, com o calor. O que gastam nesse transporte faziam o serviço aqui”, diz Gracinda Vicente. Já Maria Augusta Mesquita recorda uma altura em que esteve doente e teve de se deslocar a Bragança. “Passei lá um dia inteiro nas urgências”, sublinha, dizendo que, noutras situações, tem de se deslocar “a Mogadouro”. “Mas o que é que Mogadouro tem a mais do que nós?”.

Maria Emília Pires, por sua vez, diz que quando adoece fica “em pânico”. “Já viu os quilómetros que temos que fazer?”, pergunta.

Pelo menos enquanto não arrancar a Unidade Local de Saúde, o assunto deve continuar em banho-maria.

Escrito por Brigantia/CIR