Seg, 29/10/2018 - 08:54
Os resultados foram apresentados ontem e o concelho apresenta uma pegada ecológica de 4,01 hectares globais por habitante e de biocapacidade 2,68 hectares globais, dados relativos a 2016. Apesar do concelho apresentar bons resultados no que diz respeito à biocapacidade, a pegada ecológica com o elevado consumo de carne e peixe ainda está acima da média nacional relativa à alimentação, como refere Sara Moreno Pires, investigadora da Universidade de Aveiro.
“A cidade de Bragança tem o mesmo nível de consumo e a mesma estrutura que uma cidade como Vila Nova de Gaia ou Almada que são mais densamente povoadas. Portanto, há aqui factores que estão associados e no caso de Bragança o factor principal está ligado ao consumo de produtos alimentares. A alimentação tem um peso muito grande na pegada ecológica do país e Bragança apresenta valores acima da média nacional, apesar de acabar por inverter outras percentagens que são menos significativas do contexto de Bragança como os transportes e mesmo o vestuário e calçado”, salientou Sara Moreno Pires.
Para alterar esta realidade é importante mudar alguns comportamentos alimentares, como adianta a investigadora: “nós percebemos que o consumo de carne e de peixe ocupam uma fatia de mais de 50% deste efeito. Nesse sentido é preciso actuar na alteração de alguns comportamentos, como do lado do desperdício alimentar na restauração, escolas e nas casas das famílias. Combater o desperdiço é um ponto de partida. Mas a alteração na alimentação como por exemplo, deixar de consumir tanto bacalhau e alterar para cavala e carapau tem um impacto bastante grande ou até mesmo reduzir o consumo de carnes vermelhas”.
Em Março do próximo ano, no website no município de Bragança vai estar disponível uma calculadora online da pegada ecológica que vai permitir cada brigantino efectuar este cálculo. Hernâni Dias, presidente da câmara municipal de Bragança defende um quadro de compensação para os municípios que apresentem bons valores de biocapacidade:
“Há necessidade de existir um factor de compensação que tem de ser trabalhado já no próximo quadro comunitário de apoio e uma vez que já não haverá oportunidade de entrar na reprogramação do Portugal 2020. Mas entendemos que é necessário que seja introduzido na nova programação do Portugal 2030, no sentido que os municípios que têm uma biocapacidade sejam compensados por esse contributo que estão a dar ao país e ao planeta.”
O projecto está dividido em três anos e está a ser devolvido em mais 5 municípios portugueses em parceira com a associação ambientalista ZERO, a Universidade de Aveiro e a Global Footprint Network (GFN), responsável internacional pelo conceito de Pegada Ecológica e da sua métrica.
Escrito por Brigantia