Bombeiros queixam-se de perseguições no trabalho

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Seg, 02/02/2009 - 08:25


Há bombeiros contratados no distrito de Bragança que são obrigados a trabalhar horas a fio. A denúncia parte do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local) que este fim-de-semana reuniu com alguns destes profissionais para debater os problemas que o sector enfrenta.  

O STAL considera que esta actividade profissional é mal tratada por falta de regulamentação específica.

O sindicato denuncia que as entidades empregadoras, neste caso as Associações Humanitárias de Bombeiros, não respeitam o horário de trabalho sendo que os profissionais contratados acabam por ser tratados como voluntários.

 

“Alguns destes profissionais são obrigados a trabalhar um número de horas incomensurável sobretudo o pessoal das ambulâncias e da intervenção” afirma o presidente do STAL, salientando que “muitas vezes ao fim de oito horas de trabalho é obrigado a trabalhar mais oito de voluntário.

“Quando estes profissionais dizem que isso não pode ser a tendência é para os marginalizar e levantar processos disciplinares por coisas sem importância e até suspende-los” refere Francisco Brás revelando que há casos de coacção que já chegaram ao Tribunal de Trabalho. “Em Mirandela um delegado sindical tem sido perseguido e há outros trabalhadores com castigos e já pedimos a intervenção da Inspecção de Trabalho” adianta o responsável do STAL.

 

Contactado pela Brigantia, o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Mirandela, Marcelo Lago, não quis prestar declarações sobre o assunto.

No entanto, Maria Eduarda Meireles, operadora de central de telecomunicações nos bombeiros de Mirandela, confirma o mal-estar que se vive na corporação.

“Eu tenho colegas motoristas que têm sido vítimas de perseguição e são os casos que estão em tribunal” afirma a profissional. Maria Eduarda Meireles realça que “temos sido humilhados, maltratados e desrespeitados”.

 

Já um dos motoristas nos bombeiros de Freixo de Espada à Cinta, fala em ameaças de despedimento se os profissionais não trabalharem para lá das oito horas diárias previstas na lei. “O problema do horário de trabalho acontece em todas as corporações e somos ameaçados com despedimento se não estivermos ali para dar mais” afirma Rui Veiga “e para nós nada, nem direito à família” conclui.

 

Perante estas situações o STAL vai exigir às Associações Humanitárias o respeito pelos direitos dos trabalhadores e o cumprimento da lei nomeadamente os conteúdos do Código do Trabalhão e da Contratação Colectiva.

 

O sindicato promete fazer chegar estes problemas às instâncias competentes. “Esta resolução vai ser enviada a todas as entidades do distrito” alertando para “estas pressões e falta de respeito pelo trabalho e pelas regras incluindo ao provedor de Justiça pelos abusos que aqui existem” afirma Francisco Brás. Além disso, “também vamos distribuir um comunicado à população alertando para estes factos e exigir que a Inspecção de Trabalho seja mais operativa” acrescenta o dirigente sindical.

 

O STAL vai exigir do Governo que proceda à regulamentação de carreiras integradas em Corpos Especiais como é o caso das que estão relacionadas com a Protecção Civil e Bombeiros Profissionais.

Escrito por Brigantia