Aldeias aprovam boicote às eleições

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Seg, 16/03/2009 - 08:14


Ganhou mais força a ideia de boicotar as próximas eleições nas oito aldeias que são servidas pela EN308-3 que liga Bragança a Dine. Ontem a população aprovou esse boicote numa concentração promovida pelo Movimento Cívico de Utentes daquela estrada.  

É uma forma de protesto contra o estado em que se encontra a via.

O fundador do movimento diz que se até à realização das eleições não houver um sinal claro de que a estrada será requalificada, o boicote poderá incidir não só nas europeias mas também nas legislativas e autárquicas.

“A partir de agora vamos sensibilizar a população para de facto ninguém ir votar” refere Carlos Fernandes. “Se até às europeias, legislativas e autárquicas o comportamento do Governo for igual ao que tem tido até agora naturalmente que as vamos boicotar” acrescenta.

 

Nesta concentração participaram perto de 300 pessoas oriundas das oito aldeias servidas pela estrada e que têm cerca de 800 habitantes.

Manifestam-se descontentes com o estado da estrada e prometem não comparecer nas urnas de voto.

“Faço este trajecto duas vezes por dia e o meu carro sofre muito” refere Céu Reis uma habitante de Cova de Lua, “e no Inverno é pior” acrescenta Isabel Gorgueira. “Eu gostava que o primeiro-ministro fizesse este trajecto todos os dias para ver o estado em que nós circulamos” afirma José Miguel Lousada que concorda “plenamente” com o apelo ao boicote “e vou incentivar as pessoas aqui da aldeia a faze-lo”. “É para cumprir” refere Céu Reis. Já Isabel Gorgueira diz que o boicote eleitoral se calhar não resolve o problema “mas pelo menos damos a demonstrar aquilo que sentimos e que não estamos contentes com aquilo que temos”.

 

A concentração foi feita na aldeia de Carragosa.

O troço que atravessa esta localidade foi desclassificado do Plano Rodoviário Nacional, passando agora a ser uma estrada municipal.

No entanto, a câmara de Bragança e a Estradas de Portugal ainda não celebraram o protocolo de cedência.

O vice-presidente diz que só aceita a entrega mediante três condições. “Que a estrada seja corrigida porque o traçado está desactualizado, que seja colocado um tapete novo e que seja dado à autarquia uma verba correspondente àquilo que o Governo gasta com a manutenção anual” refere Rui Caseiro.

 

O Governador Civil de Bragança diz que até ao final da legislatura deve haver uma resposta por parte do Ministério das Obras Públicas sobre a reparação da estrada. “Estamos preocupados e já reportamos a situação à secretaria de estado das obras públicas” refere Jorge Gomes acrescentando que “é um problema que nos preocupa porque é uma estrada nacional que tem um traçado e um piso muito mau”. O responsável salienta que até o final da legislatura deve haver uma decisão porque “o fundamental é haver uma decisão sobre se vai ser repavimentada, recomposta em termos de traçado ou se não vai ser feito nada, mas temos de dizer às pessoas o que se espera para aquela estrada”.

 

O Movimento Cívico de Utentes da EN308-3 está a ponderar outras acções de luta.

Escrito por Brigantia