Agência de desenvolvimento do Vale do Tua já está constituída

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Ter, 29/03/2011 - 09:13


Está oficialmente constituída a agência de desenvolvimento regional do vale do Tua, uma das contrapartidas da construção da barragem de Foz-Tua e da consequente submersão de dezasseis quilómetros da centenária linha ferroviária. A cerimónia da assinatura da escritura aconteceu, esta segunda-feira, em Mirandela.   

Este novo organismo vai gerir inicialmente um fundo de desenvolvimento regional de 20 milhões de euros para investir nos cinco concelhos do Vale do Tua, para além dos 35 milhões de euros que se prevê venha a custar o plano de mobilidade.A agência conta com um capital social de 50 mil euros repartido pelas cinco autarquias da área de abrangência da linha do Tua, que detêm 51%, e a EDP que fica com 49%. Inicialmente, a agência vai dispor de um fundo de desenvolvimento de vinte milhões de euros. Dos quais, nove milhões correspondem à antecipação por parte da EDP de dez anos de rendas aos municípios, para projectos indutores de desenvolvimento. Somam-se mais nove milhões de euros de adiantamento para explorar e tratar o parque natural que vai ser feito à volta da barragem, sendo que a EDP fica com uma verba de 1,7 milhões para criação de auto-emprego e 500 mil euros para o funcionamento e montagem desta associação. Em troca da barragem, vão também ser investidos 35 milhões de euros para criar um novo plano de mobilidade que implica um pequeno troço de via-férrea da estação do Tua ao paredão, um funicular, dois barcos para levarem os passageiros até à Brunheda e comboio até Mirandela. Parte do investimento será assegurado por fundos comunitários, sendo a comparticipação nacional de dez milhões de euros, assegurada pela EDP.“Estávamos abertos a fazê-lo e junto com os autarcas conseguimos estabelecer um programa que vai de encontro ao desejo de todas as autarquias e no qual a EDP disponibilizou um valor na ordem dos 10 mi8lhoes de euros” confirma Ferreira da Costa, administrador da empresa, acrescentando que “foi o que achamos que deveríamos fazer pelo facto de querermos desenvolver uma região”. O autarca de Alijó faz questão de sublinhar as mais-valias desta agência dizendo que é uma solução exemplar, em Portugal em matéria de construções de aproveitamentos hidroeléctricos.“Pela primeira vez não há apenas um indemnização pelos terrenos que são ocupados, há uma estratégia de desenvolvimento para todo o vale do Tua articulado entre poder locais, regionais e centrais e entre a empresa que vai fazer este empreendimento” refere Artur Cascarejo, acrescentando “foi feito o levantamento de um conjunto de projectos que com este investimento podem ser alavancados em termos de fundos comunitários”.Já o autarca de Mirandela assume a luta perdida pela linha do Tua.  José Silvano diz que agora é tempo de lutar pelas compensações adequadas para esta região.“Perdi a luta da linha a favor da barragem, agora tenho de lutar pelas contrapartidas dessa barragem” afirma o presidente da câmara, salientando que “há que defender as populações daquilo que perderam”. Os autarcas dizem que é preciso lutarem pela coesão e desenvolvimento do vale do Tua, mas o autarca de Murça já avisou que vai estar atento. “Eu lutarei para que os projectos de uma forma igualitária para todos os municípios” afirma João Luís Teixeira. Tudo aponta para que no início do Verão estejam prontos os primeiros projectos para a região do Vale do Tua.O vice-presidente da CCDRN considera que esta agencia e o resultado de um trabalho meritório dos autarcas da região e que agora é preciso saber aproveitar os investimentos.“Estamos a falar de valores extremamente avultados e alguns deles podem ser alavancados com envelopes dos fundos comunitários” afirma Paulo Gomes, salientando que “são transferências durante o tempo de vida da barragem que é mais de seis décadas”.

O responsável acrescenta que “nós temos oportunidades únicas que permitem construir estes territórios em função dos seus valores e subunidades de paisagem que interessa privilegiar”.

Escrito por CIR