Qui, 24/04/2025 - 07:38
Tinha 17 anos. Estudava e vivia no Seminário de Bragança. Naquela altura a opressão e a agressividade dos professores levaram-no a protestar. Era já uma voz contra o sistema. “Juntámo-nos, um grupo de colegas, e escrevemos nas capas ‘revolução’. Fomos para a cerca do seminário a tirar fotografias e a gritar. Provavelmente, nem sabíamos bem o que estávamos a fazer. O que é engraçado é que um mês depois se deu a revolução”.
Estava numa aula quando através do rádio de um amigo soube da revolução. “Quando se deu a revolução estava numa aula de inglês e havia um colega que tinha um rádio, pequenino, a pilhas, e começou a dizer ‘há revolução, há revolução’. Não me lembro bem mas acho que saímos todos da sala e fomos para a rua gritar”.
A partir dali, tudo mudou. Era o início da liberdade. “Passámos para o secundário, passámos para uma casa própria, com um padre novo, que veio de Lisboa, era responsável por nós. Foi totalmente diferente. Havia muita mais liberdade. Podíamos entrar e sair e passámos a ter aulas também no liceu e a conviver com outros colegas”.
Depois da revolução dos cravos, também em Bragança não faltaram manifestações e até atos mais violentos dos quais se recorda bem. “Lembro-me de queimarem as sedes do PCP. Alguns professores do liceu que eram conotados com a esquerda foram corridos da escola… nos intervalos das aulas havia sempre manifestações”.
Mas chegou assim ao fim a ditadura em Portugal e instalou-se a democracia. E para Raul Tomé, uma coisa é certa. “É a melhor coisa que temos. Não podemos comparar uma democracia a uma ditadura. Podermos dizer o que pensamos é uma maravilha”.
Amanhã comemora-se o 25 de abril, o dia em que a liberdade floresceu em cravos vermelhos.
O 25 de abril pelos olhos de Raul Tomé que tem agora 68 anos. Foi professor de Português em Bragança, estando já reformado.
Escrito por Brigantia