Ter, 29/10/2024 - 10:53
A Resíduos do Nordeste investiu cerca de dois milhões de euros na construção de um centro de triagem em Bragança e Vila Nova de Foz Coa, que já está em funcionamento há um ano. O investimento, financiado em 85% pelo POSEUR, faz parte de um plano total de quatro milhões de euros, que inclui a ampliação de ecopontos e aquisição de viaturas eléctricas. O centro criou cerca de dez postos de trabalho e possui uma central fotovoltaica que cobre 70% de seu consumo energético. A inauguração oficial foi realizada na sexta-feira pelo Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa. O presidente da Resíduos do Nordeste e autarca de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, já menciona a necessidade de ampliação do equipamento.
“Este é mais um passo, digamos assim, para continuarmos na persecução dos objectivos, neste caso de promovermos uma maior reciclagem e que assim se possam também cumprir objectivos de tentarmos diminuir a deposição no aterro sanitário de mais resíduos. Há um ano entrou em funcionamento, hoje estamos a inaugurá-lo, mas já estamos com projectos de ampliação e de podermos acondicioná-lo também, porque cada vez mais temos que actualizar e acondicionar as novas exigências para este tipo de equipamentos”, referiu o autarca.
O PERSU 2030 tem como meta que, até 2035, apenas 10% dos resíduos sejam depositados em aterro. No entanto, o Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, alerta que actualmente cerca de 60% dos resíduos ainda vão para aterro, o que demonstra que o país não está a cumprir as metas estabelecidas.
“Nós tivemos uma meta a cumprir que é até 2035 apenas 10% dos resíduos irem para aterro e nós tínhamos, há dois anos, 57%, já muito longe das metas. O anterior governo tinha fixado como meta não aumentar a produção de resíduos, aumentou. Recebi na semana passada os números do relatório, que dão um aumento para 59%, quando nós devíamos estar a diminuir significativamente, que não são muitos anos, faltam-nos 11 anos e não estamos a conseguir”, explicou.
Para que as entidades gestoras consigam atingir estas metas, é necessário mais financiamento para novos equipamentos. O presidente da Resíduos do Nordeste, João Gonçalves, destaca o aumento da Taxa de Gestão de Resíduos, que subiu de 11 para 30 euros por tonelada nos últimos quatro anos e deve chegar a 35 euros em 2025. Esse aumento pode impactar directamente os cidadãos e as entidades locais.
“A taxa é muito penalizadora, sobretudo na sua progressão. Nos últimos quatro anos aumentou de 218%, o que é um aumento muito substancial e, portanto, para condicionar esses aumentos de taxas há muita dificuldade porque, em último caso, terá que ser reportado ou nos municípios ou directamente na tarifa e, portanto, nos cidadãos. E depois também temos que ter em atenção que as metas com que o país e a União Europeia se fixam neste sector também são tão ambiciosas que para as cumprirmos temos que ter instrumentos financeiros para desenvolver tecnologias e implementá-las para ser possível a sua implementação. Se não, terão que ser, obviamente, também corrigidas essas metas”, vincou o autarca.
Emídio Sousa explica que aqueles que cumprirem as metas de reciclagem serão ressarcidos com verbas para financiar os investimentos. O governo já alocou mais de 400 milhões de euros para o sector, mas João Gonçalves pede a actualização dos valores de contrapartida, que não são ajustados há oito anos.
O secretário de Estado reconhece a necessidade de uma estratégia para a valorização energética dos resíduos, mas ainda não anunciou o aumento específico dos valores de contrapartida. A conclusão é que o cumprimento das metas do PERSU 2030 será desafiador e que os financiamentos disponíveis são escassos.
No entanto, por agora, Emílio Souza ainda não esclarece de quanto será o aumento dos valores de contrapartida. As metas do PERSU 2030 em destaque nesta inauguração do centro de triagem da Resíduos do Nordeste. Fica a sensação de que vão ser muito difíceis de cumprir e acima de tudo que os financiamentos para a sua implementação nos diferentes sistemas, é escasso.
As metas do PERSU 2030 em destaque nesta inauguração do centro de triagem da Resíduos do Nordeste. Fica a sensação de que vão ser muito difíceis de cumprir e acima de tudo que os financiamentos para a sua implementação nos diferentes sistemas, é escasso.
Escrito por Terra Quente
FOTO: Terra Quente