O estatuto de protecção dos lobos vai diminuir o voto foi praticamente unanime entre os Estados-membros da UE

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Sex, 04/10/2024 - 10:12


A votação da redução, por parte dos estados-membros, mereceu dois votos contra, quatro abstenções e os votos a favor dos restantes, incluindo Portugal, onde o lobo ibérico é classificado como espécie estritamente protegida

O estatuto de protecção do lobo vai cair. A Comissão Europeia vai pedir a redução junto da Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa, que estabelece linhas orientadoras para a política de conservação de espécies e habitats. A votação da redução, por parte dos estados-membros, mereceu dois votos contra, quatro abstenções e os votos a favor dos restantes, incluindo Portugal, onde o lobo ibérico é classificado como espécie estritamente protegida.

José Pereira, presidente da Palombar, associação transmontana de Conservação da Natureza e do Património Rural, lamenta o retrocesso, depois de tantos anos de luta para estabilizar a população do lobo, em vários países.

“A população de lobo é uma realidade que tem vindo a estabilizar e em alguns casos, em algumas áreas, a aumentar. O que significa este rebaixo do estatuto de proteção do lobo em toda a comunidade europeia? Significa que os Estados membros vão poder, por sua iniciativa e conforme aquilo que foram os dados regionais de cada uma das áreas, abrir espaço, por exemplo, para se fazer correções de densidades populacionais de lobo ou eliminar lobos que possam estar a causar prejuízos. Naturalmente, fruto de todo o investimento e esforço que foi aplicado nos últimos 40 anos, aquilo que vemos é que isto é voltar atrás em toda a lógica que estava a trabalhar em toda a União Europeia”, referiu.

José Pereira assinala que o lobo ainda tem muito por onde crescer por isso as políticas deviam ser outras como “maior investimento nas medidas de proteção do gado e nas medidas de promoção da coexistência nos meios rurais entre a produção pecuária e o lobo”, para que “se possa ter uma natureza equilibrada em toda a Europa. O presidente da Palombar, destacou ainda que os lobos são “predadores de topo” e por isso têm uma função “fundamental” no ecossistema uma vez que são eles que “caracterizam toda a cadeia trófica que existe e corrigem os desequilíbrios que existem nessa cadeia trófica”.

Diz ainda que tem de haver um esforço de recuperação e restauração de habitats e das suas populações de fauna selvagem para que o lobo tenha os recursos selvagens disponíveis e reduza a predação sobre o efectivo pecuário.

Segundo o último censo nacional do lobo, que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ainda não divulgou, apesar de alegadamente estar pronto, há cerca de 300 lobos ibéricos na região norte de Portugal e houve uma redução da sua área de presença nos últimos 20 anos, nomeadamente na região de Trás-os-Montes.

Escrita por Brigantia 

Jornalista: 
Carina Alves