Directora técnica Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Bragança diz que é urgente aumentar as diárias nestas instituições

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Seg, 11/09/2023 - 09:04


É uma “necessidade premente” actualizar-se o salário de funcionários como os que integram a Unidade de Cuidados Continuados da S.C. da Misericórdia de Bragança

De passagem por Bragança, na sexta-feira, foi isso mesmo que o Ministro da Saúde prometeu que ia acontecer no próximo ano. Ainda assim, Susete Abrunhosa, directora técnica da unidade de cuidados continuados, diz que não têm conhecimento, para já, desta actualização mas assinala que é urgente que aconteça. “Não temos, ainda, informação formal de que vamos ser novamente aumentados em 2024. Obviamente que é uma necessidade para todas as unidades de internamento porque os valores que nos são comparticipados, pela Segurança social e pela saúde, são baixos para conseguir fazer face às necessidades dos nossos utentes”, vincou, dizendo que o pagamento da diária nos cuidados continuados de longa duração deveria aproximar-se dos 100 a 110 euros, sendo que agora ronda os 73, e nos cuidados continuados de longa duração “que aumentasse cinco euros, aproximando-se dos 95”.

À margem do II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados, organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Bragança, Susete Abrunhosa falou ainda da questão de ali haver utentes que não precisam de cuidados médicos diferenciados mas não há outra alternativa se não ali permanecerem. Diz que o ciclo só se quebra se forem criadas mais respostas, de forma a estas pessoas poderem estar noutras instituições. “É uma situação complicada, um ciclo vicioso. Se não temos respostas na comunidade e se não se consegue promover uma alta em segurança ficamos perante um círculo fechado. As pessoas vão ficando nas unidades e, por sua vez, as pessoas que sofrem situações agudas, AVC’s, fracturas, traumatismos, não conseguem entrar na rede porque as camas da rede estão ocupadas pelas pessoas que permanecem mais tempo e sem necessidade”.

No congresso, no sábado, esteve Isabel Galriça Neto, diretora na Unidade Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz, que disse que esta resposta é insuficiente em todo o país e que há muito trabalho a fazer.

Isabel Galriça Neto veio falar de cuidados em fim de vida nas instituições. Para isso, considera que basta apostar em dotar as instituições de alguns meios humanos. “A reconversão passa, sobretudo, por ter profissionais preparados. Nessas instituições não podem estar apenas pessoas da área social, tem que profissionais de saúde. Quando se diz que é complicado… complicado não é impossível. Mais custoso e mais complicado é andar com os idosos para trás e para a frente e, muitas vezes, no hospital serem-lhe prestados cuidados que nem precisam. Manter estas pessoas em instituições, através dos tais cuidados de proximidade, dirigidos às suas necessidades, é mais eficiente, tratamos melhor e gastamos menos”.

O II Congresso Ibérico em Cuidados Continuados Integrados decorreu no NERBA, em Bragança, entre sexta-feira e sábado.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves