Stress de guerra sem encaminhamento no CHNE

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Sex, 28/05/2010 - 12:50


A delegação de Bragança da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) denuncia que os médicos da especialidade de psiquiatria do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) não estão a dar seguimento aos casos de stress de guerra. Críticas avançadas, em Mirandela, durante um seminário sobre o stress e as suas consequências.  

Muitos deficientes das forças armadas encontram enormes dificuldades em ter acesso à rede nacional de apoio ao stress de guerra, porque os médicos de psiquiatria do CHNE, estão a travar o processo, alegadamente devido ao desconhecimento da lei, queixa-se o presidente da delegação de Bragança da ADFA.

“O medido de família que é o primeiro a diagnosticar o stress de guerra passa o Modelo 1 para transitar para a psiquiatria mas aqui os médicos não passam o Modelo 2 para dar seguimento ao processo” conta Domingos Seca. “Não sabemos porquê, ninguém nos diz, as pessoas é que se queixam” desta situação.

 

A psicóloga do serviço de apoio médico, psicológico e social da delegação do Porto da ADFA, explica que nos sintomas do stress de guerra “tem de haver um acontecimento que assumiu um carácter traumático para o indivíduo e esse acontecimento é continuamente revivido, sobre a forma de pesadelos, recordações, flashbacks como se aquilo estivesse continuamente a acontecer”. Depois, acrescenta, “há um quadro depressivo associado, com um certo isolamento, apatia, tristeza, esperanças reduzida em relação ao futuro e é como se a vida deles ficasse comprometida” refere Graciete Cruz.

 

Esta psicóloga que integra a equipa multidisciplinar que fornece acompanhamento terapêutico adequado a esta patologia, dá alguns exemplos das consequências dramáticas de quem sofre de stress de guerra.

“O mal-estar clínico e familiar que pode levar ao suicídio, agressividade para com os outros principalmente em relação às esposas” afirma, relatando que “um ex-militar já esfaqueou a esposa durante a pensar que era um inimigo e dormia com a faca de mato debaixo da almofada”. “É normal que isto traumatize também os filhos que também andam em consultas” salienta.

 

Stress de Guerra, uma patologia que ainda afecta muitos ex-combatentes das forças armadas.

Escrito por CIR