Investigador com raízes transmontanas faz descoberta na área do cancro

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Qua, 20/02/2019 - 08:18


Um cientista com origens em Mirandela desenvolveu uma investigação inovadora na área do cancro na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América.

Miguel Coelho coordenou uma investigação que mostra como as células aceleram a instabilidade genética, o que ajuda a compreender a origem do cancro e sua resistência. O cientista e a sua equipa, que incluía ainda outro investigador português, contrariaram ainda o postulado de que são necessárias duas mutações nos genes, ao demonstrar que uma única mutação é suficiente para acelerar a instabilidade genética e gerar cancro: “nos estudos de cancro hereditário e nos estudos genéticos de análise de genomas de cancro, o que foi sempre postulado em hipótese é que são sempre dois eventos ou duas mutações para o processo de cancro começar e na verdade essas duas mutações têm de existir para alguns genes que controlam o cancro, mas uma mutação apenas é suficiente para começar a instabilidade genética que vai acelerar o processo de cancro. Essa foi a grande descoberta em relação ao que era esperado”.

A investigação, que começou em 2013 na conceituada universidade norte-americana, pode ajudar a encontrar novas formas de travar o desenvolvimento do cancro e a criar novos tratamentos que controlem melhor a doença.

“Foram descobertos uma série de genes que aceleram a tal instabilidade genética e que por causa disso podem significar novas vias para terapias e controlo da doença”, acrescentou Miguel Coelho.

A descoberta pode contribuir para desenvolver tratamentos mais personalizados.

“Recentemente, tem-se desenvolvido, não só a sequenciação de marcadores específicos para os tipos de tumores, tem-se também apostado na terapia de células t, que usa as próprias células do sistema imunitário do paciente, altera-as geneticamente e torna-as mais combativas contra o cancro. O que o meu trabalho vai adicionar a isso é que agora sabemos um pouco melhor onde devemos procurar os indícios de instabilidade genética que podem tornar os cancros resistentes a este tipo de terapias” destacou o cientista.

A investigação, inicialmente desenvolvida em células de levedura, mas nos dois últimos anos o cientista de raízes transmontanas passou a fazer experiências em modelos celulares de humanos e foi publicada recentemente na revista Nature.

Escrito por Brigantia

 

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro