Família vende laços para ajudar a pagar terapias de filha autista

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Qui, 13/06/2024 - 08:28


Cátia Silva é mãe de Benedita, uma criança de seis anos que tem autismo. A criança ficou, recentemente, sem as terapias que tinha, a nível público. Ficar sem elas não foi opção e, por isso, têm que ser pagas pelos pais, que encontram na venda de laços a solução para ajudar a assumir estes encargos financeiros

Em Novembro, Cátia Silva, as filhas e o marido mudaram-se de Mirandela para Bragança e a criança mais velha perdeu todas as terapias que frequentava, por causa do Transtorno do Espectro Autista, que lhe foi diagnosticado aos quatro anos. Em Bragança, Benedita frequenta quatro terapias para conseguir tornar-se mais autónoma mas têm que ser custeadas pelos pais.

Cátia Silva diz que a criança podia frequentar a terapia da fala e a terapia ocupacional, a título público, mas a Unidade Local de Saúde do Nordeste colocou-a numa lista de espera. “Quando veio para o agrupamento onde está actualmente, em Bragança, só havia uma terapeuta da fala, que disse que não tinha horário para a Benedita. Como não podíamos continuar sem lhe dar essa resposta, procurámos fora e tentámos que fosse encaminhada para o hospital, mas foi considerada uma criança não prioritária, sendo colocada numa lista onde não é prioritária. No hospital ela podia fazer terapia da fala e terapia ocupacional, uma terapia muito importante que ela precisa muito e a terapia ocupacional, mesmo a título privado, não estamos a conseguir encontrar”.

A criança não fala e, segundo a mãe, essa é a justificação para não ser considerada prioritária. Contudo, além de perder a terapia da fala, acabou por ficar sem a terapia ocupacional, algo que nem mesmo no privado estão a encontrar e que a criança precisa. “Acaba por ser condenada por não ter linguagem. Preferem investir em crianças que falam mas simplesmente têm algumas coisas para corrigir”.

A criança frequenta quatro terapias, terapia da fala, hidroterapia, snoezelen e psicologia. Ao fim do mês, somando as terapias com a medicação e as fraldas que ainda precisa utilizar, a família gasta mais ca de 400 euros. Como desistir não foi opção, há um ano, pouco tempo antes de a família rumar a Bragança, Cátia Silva, em conjunto com a sogra, criou A Menina do Laço by Benedita. Unindo esforços, produzem laços para o cabelo, para miúdas e graúdas, e vendem-nos para ajudar a pagar as terapias, de forma a que vivam mais desafogados. “As pessoas viam que a Benedita andava sempre com uns laços muito bonitos e sabiam que eram feitos pela avó. Começaram-nos a dizer que poderíamos vende-los. Depois de tanta gente, até amigos, dizerem que queriam um lacinho, decidimos criar o projecto A Menina do Laço by Benedita, no ano passado, já a Benedita tinha cinco anos. A minha sogra confecciona os laços e eu trato das redes sociais e das encomendas. Escolhi o nome, o slogan e mandei fazer o logótipo. Tudo começou a partir daí. Está a correr bem. As pessoas começaram a ficar sensibilizados porque se trata de uma causa. É para ajudar a nossa menina”.

A Menina do Laço by Benedita, que está presente no Facebook e no Instagram, onde as encomendas podem ser feitas, nasceu numa época em que a criança ainda tinha terapias por parte do sistema público, mas já havia vários encargos. A ideia foi essa: ajudar a suportar os outros gastos. Mal sabia Cátia Silva que não tardavam em vir muitos mais, com a vinda para Bragança.

Os laços podem ser comprados nas páginas de Facebook e Instagram da Menina do Laço e em algumas feiras no distrito.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves