Emparcelamento é imprescindível para ajudar a travar fecho de explorações de ovelhas no planalto

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Seg, 18/04/2011 - 12:42


Cada vez menos animais mas de qualidade cada vez melhor. O 16.º concurso da raça churra galega mirandesa, que se realizou este sábado em Malhadas, Miranda do Douro, teve menos 20 por cento de animais do que no ano anterior.  

Nada que preocupe Francisco Rodrigues, o presidente da cooperativa que foi criada há dois anos.“Há factores que interferiram mas salvaguarda-se o concurso. Temos melhores animais, não em quantidade mas em qualidade. Os produtores têm-se esforçado para melhorar a qualidade genética dos animais.”

Este ano concorreram 119 animais e 24 produtores.

 

A questão do emparcelamento foi das mais discutidas no concurso de sábado. Francisco Rodrigues é um acérrimo defensor da junção das várias parcelas de terrenos de cada agricultor como forma de criar propriedades maiores.

 

“O que me interessa a mim ter noventa e tal hectares fraccionados por 30 ou 40 prédios? Se fossem em dois ou três, tinha um terreno de trinta e tal hectares, podia ter lá uma vedação e deixar lá os animais. Muitos agricultores abandonam a produção porque têm de desistir de outros afazeres para vir tratar dos animais.”

 

No entanto, não foram só os animais a faltar ao evento. Comparativamente com anos anteriores, estiveram presentes muito menos pessoas.

 E alguns produtores confessam que estão desanimados.

“No ano passado havia muita mais gente. Deve ser metade”, diz António Augusto Esteves, para quem “a agricultura não está famosa”.

 

“O pessoal desanima”, lamenta Francisco Sebastião. “Eu não deixei. Iniciei há três anos mas estou a tentar produzir no meu terreno e consumir só do meu”, diz.

 

Outro produtor diz que “não compensa” mas que tem de se “passar o tempo”. “A minha vida foi sempre de bois e vacas. Há três ou quatro anos mudei por causa da minha falha. Mas fiz mal. As ovelhas dão mais trabalho, porque é preciso andar sempre atrás delas. E eu já não posso. Às vezes tenho de ir de tractor. E dão menos lucro que as vacas”, diz.

 

Mas também há os mais optimistas, que até pensam aumentar a produção de ovelhas da raça churra galega mirandesa.

 

“Compensa sim. O gado é o que dá mais. Mas é preciso ter sorte, para não haver doenças”, diz Ana Helena, que tem 220 animais. “Isto vai dando. Temos de ir andando porque é o pão dos lavradores. E em qualidade não há melhor do que isto”, defende Francisco Pires.

 

Mas entre os participantes era unânime a ideia de ter de aumentar a produção e as exportações da carne para fazer face à crise do país.

Escrito por Brigantia