Dia das Mentiras é tradição que ainda se cumpre no Nordeste Transmontano

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Sex, 01/04/2011 - 10:24


Atenção, não se deixe enganar. Hoje é dia 1 de Abril, o dia das Mentiras. Uma data assinalada um pouco por todo o Mundo Ocidental, desde o século XVI e à alteração de calendário imposta pelo rei francês Carlos IX, que em 1571 mudou a passagem de ano de 1 de Abril para 1 de Janeiro.  

 Na altura, houve quem não gostasse da alteração e continuasse a celebrar o novo ano em Abril. Ora, como é bom de ver, os mais resistentes acabaram por ser gozados pelos restantes.

Mas Henrique Ferreira, professor de Sociologia da Educação no Instituto Politécnico de Bragança, explica que a data acaba por ser de libertação.

 

 “Está associada à amizade, a uma certa sublimação dos conflitos entre as pessoas. As pessoas passam a aceitar algumas diabruras”, explica.

 

Mas, o mais famoso episódio de partidas tem a rádio como protagonista. Em 1938, nos EUA, Orson Wells adaptou para rádio a Guerra dos Mundos, um romance sobre extraterrestres. O que é certo é que milhares de pessoas acreditaram mesmo que se tratava de uma invasão de seres de outro planeta, o que provocou o pânico e o caos.

 Por cá também se vai cumprindo a tradição.

 “Quase todos os jornais lançam uma mentira no dia 1 de Abril, quase sempre inofensiva. Já houve um ano em que se disse que Portugal tinha ido à falência, há três ou quatro anos. Também me recordo de em 1969 ou 1970 ter sido anunciada a venda do Eusébio para o Inter de Milão, o que na altura pôs o país em polvorosa”, recorda.

 Mas o Dia das Mentiras tem em Portugal um papel especial.

 “Em Portugal é uma tradição muito enraizada, que se desenvolveu com as invasões francesas e com as guerras peninsulares. Mas tem uma outra conotação. Dia 1 de Abril aparece num contexto de período quaresmal e como uma certa distensão na tristeza da Quaresma, introduzindo uma certa alegria e libertação”, explica.

 

Uma tradição que já vem de longe e que hoje se cumpre mais uma vez.

No Nordeste Transmontano ainda há quem goste de enganar os amigos e familiares.

 Mas é a crise aquilo que muitos gostavam que não passasse de uma mentira de 1.º de Abril.

 “Já fiz coisas como mandar alguém ir a um sítio e não estar lá nada à espera”, diz Paula Pinto, que gostava que “o estado do país fosse uma mentira, que a crise não tivesse acontecido”. Já Joana Santos, do Porto, confessa que já chegou a dizer “coisas que não tinham acontecido”, enquanto para Alberto Fernandes “é um dia como outro qualquer”.

 

Mas Manuela Moura, apesar de dizer que “são mais os miúdos que brincam neste dia”. “Uma vez fiz a minha garota ligar à minha cunhada a dizer que eu estava muito doente e ela teve de vir a correr ver o que se passava”, recorda.

 

A tradição ainda se vai cumprindo no Dia das Mentiras.

Escrito por Brigantia