Ano preparatório para alunos dos PALOP pode ajudar a colmatar falhas nas aprendizagens

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Ter, 26/03/2024 - 09:01


Os alunos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa que venham fazer o ensino superior para Portugal deviam ter um ano preparatório

Esta é a conclusão de um estudo feito pelo ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa.

A coordenadora do estudo, Clara Carvalho, explicou que o objectivo é facilitar a integração na língua e nas aprendizagens, tendo em conta as diferenças de ensino entre os países. “Uma das coisas que verificámos é que há uma grande diferença entre as competências necessárias para se ingressar no ensino superior português e aquilo que são as qualificações que os alunos têm. Eles podem ter o ensino secundário completo, mas têm vários entraves, porque o ensino superior português é desenhado para os alunos completarem o ensino secundário português ou europeu”, disse.

A docente esclareceu ainda que este ano preparatório não será para todos os alunos dos PALOP, mas para os que apresentem maiores dificuldades, como os jovens da Guiné, que pouco sabem falar português.

Além de puderem aprender a língua, também aprenderão outras áreas. “Em Matemática, para os alunos que vão para ciências, em língua inglesa, para todos, e na utilização das TIC, em utilizações básicas, porque muitos alunos só tiveram contacto com os sistemas digitais através dos telemóveis, sabem utilizar as redes sociais, mas não sabem escrever um e-mail”, referiu.

O estudo resultou de entrevistas feitas a 20 instituições do ensino superior mas também associações académicas.

O Instituto Politécnico de Bragança é o estabelecimento de ensino superior que mais alunos dos PALOP acolhe.

Por reconhecer as dificuldades que os estudantes passam, o IPB já implementa um ano preparatório para estes estudantes. “Quando lidamos com alunos de diversas origens, os sistemas de ensinos secundários são diferentes, e como sabemos alguns países têm algumas deficiências. Alguns vêm muito bem preparados, outros não e a ideia é em casos em que se entende que haja dificuldade, seja na língua, seja noutras matérias que deveriam estar já assumidas, terem um ano preparatório”, adiantou o presidente Orlando Rodrigues.

Na passada quinta-feira, o IPB e outras instituições do ensino superior estiveram reunidas com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para avançar com o diploma para a criação de um ano preparatório.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais