Falta de mão-de-obra compromete limpeza de terrenos

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Qua, 17/05/2023 - 07:54


Os mais idosos dizem que é difícil pagar para lhe fazerem o trabalho, mas mesmo que quisessem não há mão-de-obra suficiente. A GNR está no terreno a fiscalizar a limpeza de terrenos.

Depois da sensibilização, a GNR está agora no terreno a verificar se os terrenos estão realmente limpos. O prazo terminou a 30 de Abril. Na aldeia de Carragosa, Bragança, Graça Polido foi abordada pelos guardas. Conseguiu limpar o terreno da tia dentro do prazo, mas conta que não conseguiu contratar ninguém para lhe fazer o trabalho. “Muito, muito difícil. Não há muito quem chamar. As pessoas parece que não querem trabalhar. Temos que nós ir fazendo. quando não se puder não sei como vai ser. Fui aos bocadinhos, com uma enxada e uma roçadora e limpando devagarinho até que consegui limpar tudo. Não consegui ninguém que me limpasse o terreno”.

Poucos metros à frente estava Sérgio Sá. Estava a limpar um terreno com palheiros do padrinho que está em França. Um trabalho que diz ser duro e que muitos idosos não conseguem fazer nem pagar. “Bastante. Muito mesmo. Perdemos tempo e há muitas pessoas, na aldeia, que já têm idade, e não têm que lhe o faça. Nós ainda vamos fazendo que ainda somos um bocado jovens e andamos por aqui. Mas há muita gente que mesmo a querer pagar não tem a quem pagar”.

De acordo com o Major da GNR Vítor Romualdo, até 30 de Abril foram identificados mais de 400 possíveis incumprimentos, uma grande percentagem no concelho de Carrazeda de Ansiães, onde no Verão passado um incêndio consumiu mais de 1500 hectares de mato. “Realmente no ano passado, nesta fase, até 30 de Abril, tínhamos possíveis incumprimentos, sensivelmente, até aos 200. O sinal que temos, até ao momento, sinalizamos mais de 400 possíveis incumprimentos. Em Carrazeda de Ansiães é um concelho em que temos alguns números de possíveis incumprimentos e estamos a consolidar a fiscalização”.

Uma das empresas que faz limpezas de terrenos em Bragança é a Mata-Verde. De acordo com o sócio-gerente Ramiro Rodrigues este ano há muito trabalho. Os 30 funcionários que tem não são suficientes para dar resposta e contratar também é difícil. “Penso que não há gente especializada e há falta de mão-de-obra. Felizmente ainda vamos conseguindo arranjar alguns empregados mas é complicado. Há muita gente que chega cá e depois vai embora. Andam aqui oito ou 10 dias e vão embora”.

A GNR alerta para a importância da limpeza dos terrenos, já que cerca de 60% dos incêndios rurais que aconteceram o ano passado estiveram relacionados com o uso indevido do fogo.

O prazo para a limpeza dos terrenos terminou a 30 de Abril. As pessoas tinham de limpar à volta das casas num raio de 50 metros e num raio de 100 metros no caso dos aglomerados populacionais. As coimas para incumpridores podem ir dos 140 aos 5 mil euros.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais