Qua, 08/04/2009 - 09:41
No dia Internacional dos Ciganos, Fátima Castanheira, da Pastoral dos Ciganos, faz um ponto da situação.
“A situação não tem melhorado. O grande entrave são as condições de habitabilidade, não ter uma casa. Ultimamente as coisas têm piorado para as pessoas de etnia cigana. Vivendo em barracas não têm capacidade de se promoverem e de se inserir. Não têm higiene, não conseguem andar limpos e isso também é um obstáculo para conseguir emprego”, diz esta responsável.
Ao contrário do que acontece noutros pontos do país, os ciganos transmontanos dedicavam-se mais a actividades tradicionais, que têm desaparecido com o tempo, criando ainda maiores dificuldades para sobreviverem.
“Eram albardeiros, ou agricultores, ou cesteiros. Implicava que fossem nómadas, viviam de aldeia em aldeia, onde vendiam os cavalos, as éguas, os burros… era essa a sua forma de vida. Mas a agricultura já não é feita assim e perderam muito do seu mercado de trabalho”, explica Fátima Castanheira.
O acampamento do cruzamento de Donai, junto à antiga Lixeira de Bragança, é um dos maiores do distrito e alberga cerca de 60 pessoas. “Não temos casas, chove em cima dos meninos, apanham doença”, queixa-se Fernando Domingues, um dos moradores.
Em Portugal, umas comunidades ciganas festejam o seu dia a 5 de Maio enquanto outras preferem o 24 de Junho, juntamente com o S. João.
“No dia 24 de Junho, antes do nascer do sol, cortávamos o cabelo às garotas pequenas e pendurávamo-lo numa silva, para que o cabelo lhes crescesse mais forte”, recorda Celeste Nascimento, matriarca de uma das famílias de Bragança.
Só no distrito de Bragança há 600 membros desta comunidade, que tem outros pólos importantes em Sarzeda, Sortes ou Carrazeda de Ansiães.
Escrito por Brigantia