Maquinista não acredita ter sido um acidente normal

PUB.

Seg, 25/08/2008 - 10:09


Pela segunda vez, no espaço de dois meses e meio, Fernando José Ferreira viveu momentos dramáticos com o descarrilamento das composições do Metro de Mirandela que dirigia. O maquinista, de 47 anos, já não fala em explosão, como causa do acidente da passada sexta feira, na linha do Tua, mas não acredita ter sido um acidente normal.

  Tal como no primeiro descarrilamento, a dois quilómetros do Tua, também agora Fernando José Ferreira diz que circulava a uma velocidade inferior ao limite imposto. “Ia abaixo da velocidade, a 35km/h, relembra o maquinista referindo que “quando descemos da Brunheda e começo a fazer a curva à esquerda a máquina saltou e caiu logo para o lado”. “Não tive hipótese de fazer mais nada, tal como no primeiro acidente”, garante Fernando José Ferreira. “A linha estava optimamente bem e a máquina tinha ido à revisão na quinta-feira, por isso também não descarrilou por falta de manutenção”, assegura o maquinista.  

Nas horas seguintes ao acidente chegou a pensar que teria havido uma explosão segundos antes do descarrilamento, mas agora coloca de parte essa possibilidade. No entanto, Fernando Ferreira continua a pensar que algo de anormal se passa para acontecerem tantos acidentes no último ano e meio. “Na altura, houve aquele barulho todo da máquina a descarrilar”, recorda o maquinista considerando que “ali tem que haver alguma coisa”. “Andámos de 2001 a 2007, aqueles dois anos em que choveu imenso, apanhámos pedras na linha e nunca houve descarrilamento nenhum, no espaço de dois anos, há quatro acidentes”, estranha Fernando Ferreira.

 

O maquinista do Metro de Mirandela, já com treze anos de experiência, conta que ficou sensibilizado com a solidariedade demonstrada pelos passageiros na hora de socorrer os feridos e elogia o trabalho rápido e eficaz das entidades envolvidas no socorro. “Uma solidariedade ímpar, sem se conhecerem”, conta Fernando Ferreira referindo que “desde que se contactou os bombeiros até que chegaram foi uma rapidez fora de série, tal como a solidariedade humana.”

  

Fernando Ferreira admite estar afectado emocionalmente, mas não tem receio de voltar a circular na linha do Tua, porque a considera segura. “Agora emocionalmente estou um bocado em baixo pelas mortes e pelos feridos, mas se amanhã me mandarem para o Tua, eu vou, porque sei que a linha é segura”, conclui o maquinista.

 

O maquinista do Metro de Mirandela também não esconde que os funcionários do Metro estão algo receosos que estes acidentes podem ditar o encerramento da linha, ficando os seus empregos em risco.