Verdes denunciam ilegalidades na construção da barragem do Tua

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Sex, 13/08/2010 - 09:22


O Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) da Barragem do Tua não cumpre todas as condicionantes da Declaração de Impacte Ambiental. A denúncia é feita pelo Partido Ecologista “Os Verdes” depois de ter analisado os estudos que não foram disponibilizados para consulta pública, mas apenas o relatório técnico.  

Para o partido, os mapas de localização da albufeira revelam que grande parte dos edifícios ligados à barragem fica no Alto Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO e dá o exemplo da central eléctrica.

“Tem três edifícios e um deles tem cerca de 20 metros de altura e 75 de comprido e segundo o próprio estudo, estes edifícios tê uma visibilidade de todos os pontos do Alto Douro Vinhateiro altamente frequentados e isto são tudo coisas que tinham sido escondidas e só aparecem agora” refere Manuela Cunha, dirigentes d’ “Os Verdes”.

 

Por outro lado, este projecto de enquadramento paisagístico também não cumpre com as condições da Declaração de Impacte Ambiental.

“Aparece aqui mas sem o aval da Direcção Regional da Cultura do Norte e do IGESPAR porque não podem dar autorização sem o próprio aval da UNESCO” afirma.

 

Outra crítica centra-se no plano de mobilidade proposto como alternativa ao troço da Linha do Tua que vai ser submerso pela barragem e que Os Verdes consideram ser surreal.

“É de uma criatividade imensa com propostas que vão desde funiculares a elevadores agarrados à barragem” refere, dando o exemplo de “turistas que chegam à barragem com as suas bagagens na Linha do Douro, apanha o comboio ainda na Linha do Tua durante um quilómetro e vai até à barragem. Aí atravessa a albufeira a pé com as suas bagagens. Chega ao outro lado, no concelho de Alijó, e desce a encosta de 200 metros até ao cais de embarque e vai num barquinho que o leva até à Brunheda e apanha outra vez o comboio para chegar a Mirandela”. “Se isto não é surrealismo, então o que é?” questiona Manuela Cunha.

 

Em conferência de imprensa, o Partido Ecologista diz ainda que um dos argumentos usados para a construção da barragem caiu por terra através de um parecer dado pela empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro.

“Diziam que esta barragem era importante para garantir água a Trás-os-Montes, mas neste estudo foi consulta da empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro que respondeu que nos próximos 20 anos não precisam da barragem para nada nem contam com ela” revela.

 

“Os Verdes” consideram ainda que a obra viola os Planos Directores Municipais dos cinco concelhos abrangidos pela construção da barragem.

Uma situação que também não está de acordo com as condições exigidas pela Declaração de Impacte Ambiental.

Escrito por Brigantia