Qui, 16/10/2025 - 08:49
A 7 de outubro de 2023, a urgência de cirurgia-geral do hospital de Mirandela encerrou com a justificação de que seria uma medida temporária para fazer face aos constrangimentos na elaboração de escalas devido à recusa da maioria dos médicos em realizar trabalho extra para lá das 150 horas, estipuladas na Lei.
Os três cirurgiões foram alocados à urgência do hospital de Bragança, mas já não regressaram ao seu local de origem.
Confrontada com esta situação, por escrito, a administração ainda não respondeu. Refira-se que, em dois anos, as únicas declarações do administrador da ULS do Nordeste, sobre este assunto, foram em outubro de 2024, à margem do evento público do projeto "PNS em Movimento”, em Bragança.
Na altura, Carlos Vaz alegou que os três cirurgiões manifestaram a sua indisponibilidade para continuar a realizar serviço de urgência, devido à sua idade e a Lei protege-os, dado que os médicos podem optar por não trabalhar à noite nos serviços de urgência, a partir dos 50 anos, e, depois dos 55, podem pedir dispensa total do trabalho nas urgências. “Os três médicos recusam-se a fazer esse trabalho e a lei protege-os e enquanto não tivermos mais médicos nessa área não podemos reabrir a urgência”.
Perante isto, acrescentou, na altura, o administrador da ULS do Nordeste, a situação só será resolvida quando houver cirurgiões interessados em preencher as vagas”, mas manifestou esperança que a urgência de cirurgia-geral de Mirandela ainda iria reabrir. “A esperança é a última coisa a morrer mas temos de ter noção da realidade. Quando tivermos profissionais iremos reabrir”.
Certo é que a situação já dura há dois anos. O presidente do Município de Mirandela, Vítor Correia, ainda acredita que o serviço possa reabrir e aposta na via diplomática. “Temos de voltar à mesa de negociações. Estamos a falar de Mirandela mas o hospital serve a população vizinha, Vila Flor, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro. Nós somos um centro e esse centro tem de ser potenciado. Não podem continuar a olhar para nós de lado, mas temos de fazer esse trabalho. Temos de nos fazer ouvir”.
A população sente uma enorme revolta com o encerramento de mais um serviço no hospital. “Daqui a pouco levam até as paredes. Agora vai tudo para Bragança ou Vila Real. Bocadinho a bocadinho levam tudo embora daqui, não se admite”, disse uma mirandelense.
Não há qualquer previsão de uma data para a eventual reabertura do serviço. Enquanto isso, há dois anos que os doentes que estão na área de abrangência da urgência do hospital de Mirandela e que necessitem de ser vistos por um profissional de saúde ligado à cirurgia geral, ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente, estão a ser encaminhados para a urgência do Hospital de Bragança.
Escrito por Terra Quente (CIR)