Rui Moreira defende que regionalização ajuda a lutar com armas iguais contra centralismo de Lisboa

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Qui, 13/08/2009 - 09:19


A regionalização tem de avançar na próxima legislatura sob pena de ser tarde de mais e o país deixar de ter futuro. Essa foi a ideia defendida ontem por Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, num debate em Bragança que pretendeu esclarecer a opinião pública numa altura em que falta pouco mais de um mês para as eleições legislativas.  

“Numa próxima legislatura, principalmente porque será constituinte, é possível voltar a pensar na regionalização. Precisamos de o fazer enquanto estamos a receber fundos de coesão da Europa. O que tem acontecido é que não estamos a utilizar esses fundos para reforçar a coesão portuguesa. Prova disso é o que se passa aqui em Bragança e em Trás-os-Montes. Portanto, ou fazemos isso enquanto a Europa nos está a dar uma ajuda ou será tarde demais.” Para o presidente da ACP, é preciso só uma coisa para a regionalização avançar.

“É o discurso não ser hipócrita, apenas isso. A Constituição diz que tem de haver Regionalização mas a seguir puseram lá que tem de haver um referendo. Eu concordo com isso mas não estou de acordo com um duplo alçapão. O que diz a Constituição neste momento é que, por um lado, é preciso que a maioria dos portugueses queira a regionalização. Mas diz mais, que em cada uma das regiões é preciso que haja uma maioria e se houver uma região em que as pessoas votam contra, a regionalização já não pode avançar. E eu não me conformo que haja 70 por cento dos portugueses a querer a regionalização e haver uma única que diz “nós não queremos” e, por causa deles, nós não termos regionalização.”

 

E um dos exemplos de melhorias apontado por Rui Moreira é o concurso de colocação de professores.

 

“Miguel Cadilhe (que fez parte de um dos Governos mais centralistas deste país, com Cavaco Silva), por exemplo, defende que a regionalização não implica mais Estado. Pelo contrário. Quando assistimos a coisas tão simples como a colocação de professores percebemos que facilmente que a colocação de professores podia ser feita se houvesse uma administração regional do que ser feita em Lisboa, por critérios que todos nós não compreendemos e os professores não conhecem.” Por isso entende que “o que puder ser resolvido próximo do cidadão, deve ser feito”.

 

Só com um sistema de regiões é possível lutar “com armas iguais” com o centralismo de Lisboa, que, segundo Rui Moreira, tem contribuído para a desertificação do Interior. Moreira defende que falta gente para reforçar a capacidade de reivindicar junto do Poder Central.

 Por isso, a regionalização serviria para equilibrar os pratos da balança.

“Quando vamos considerar o equilíbrio entre o que é a contribuição desta região para o bem-estar comum dos portugueses e aquilo que a região recebe, o saldo é negativo para a região. Isto é como um jogo de bilhar, em que inclinamos a mesa para as bolas caírem todas no mesmo buraco. Daqui a pouco, ninguém vai querer participar neste jogo. O que nós estamos a fazer é equilibrar a mesa de bilhar. Isso é a regionalização.”

 

Depois de Alberto João Jardim, foi agora a vez de Rui Moreira, da Associação Comercial do Porto, vir a Bragança defender as virtudes da regionalização.

Escrito por Brigantia