Seg, 13/05/2019 - 08:00
A “Residência Criativa” juntou artesãos locais e um grupo de jovens criativos, ligados às artes do design e da imagem, para discutir ideias. Os escrinhos, típicos de Vilar Seco, em Vimioso, serviram, em tempos, para guardar alimentos mas hoje em dia são utilizados como peças decorativas. Por isso quis-se perceber de que forma recuperar funcionalidades, ou criar novas, pode ajudar a valorizar o produto. Aníbal Delgado, que ajuda a mulher a fazer escrinhos, confirma que é possível criar outras ideias até mesmo no formato do artesanato. “Ainda outro dia uma professora me pediu um escrinho mais largo no fundo, e com a boca mais larga, e ficou engraçado!”
Manuel João, presidente da junta de Vilar Seco, conta que se têm feito workshops para que mais pessoas possam aprender a fazer escrinhos porque na aldeia há apenas três pessoas que conhecem este saber. “Tenho incentivado as pessoas e temos organizados workshops mas há pouca procura. Fazemos workshops para que se fale dos escrinhos porque se não tomarmos uma posição diferente acabam por se extinguir”.
Soraia Teixeira, designer de produto, acredita que as técnicas do artesanato de Vimioso devem ser divulgadas. “É importante difundir a técnica e, mais que difundir, é importante viabilizá-la. É preciso criar formar, resultados dessa técnica e passa pelo desenho de novas peças e de novas utilidades para aquilo que já é feito”.
As ideias trocadas inspiraram também os criativos. Camila Santos, designer de moda, explica que a própria forma com que se cose a palha dos escrinhos pode ser usada nas criações que faz. “Podemos usar a téncica de como eles cosem que cosem a palha com a silva e se eu posso usar essa técnica de coser até restos de tecidos porque, na minha marca, queria chegar ao 0% de desperdício. Acho que é importante manter a tradição mas desenvolver o produto e transformá-lo”.
Ana Fragoso, da organização, explica que repensando o produto este poderá ganhar mais valorização. “Achei que um olhar de fora, sobretudo de pessoas que lhes oferecessem a possibilidade de trabalhar o produto de forma diferente, mais adaptada, seria enriquecedor. Se um objecto, além de decorativo, for funcional é uma mais valia. Se acrescentarmos valor ao produto podemos acrescentar custo ao produto e mais proveitos para quem o faz. Se houver mais proveitos haverá mais pessoas a querer trabalhar nesta área”.
Ao longo de dois dias debateu-se a arte da criação, a importância da imagem, a comunicação do produto, as ferramentas de promoção e os canais de comercialização.
Os criativos vão agora desenvolver projectos sobre outras funcionalidades que o artesanato de Vimioso pode ter e voltam à vila, a 25 de Maio, para os apresentar.
Escrito por Brigantia