Qua, 21/07/2010 - 10:58
Em 2008, nove dos 11 elementos representativos dos viticultores decidiram abandonar o Interprofissional.
Um deles era o presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, que justificou não haver condições mínimas para defender o sector vitivinícola duriense.
Nos últimos dois anos, as decisões eram apenas votadas e aprovadas pelo Comércio.
A Casa do Douro acabou por ser sensível a múltiplos apelos do ministro da Agricultura, António Serrano, do presidente do IVDP, Vilhena Pereira, bem como ao reconhecimento público do presidente da Associação de Empresas de Vinho do Porto, António Saraiva, da importância da presença da Produção no Interprofissional.
Porém, o presidente da Casa do Douro alerta para a necessidade daquele órgão cumprir o seu papel:
“Desejamos, não para substituir a Interprofissional, mas para que os grandes desafios que temos pela frente sejam motivo de uma apreciação que leva à maturação dos mesmos e depois a aprovação no Conselho. Não podemos ter Interprofissional enquanto for apenas um sítio onde se encontram as profissões para deglutir a papinha feita pelo IVDP. Não pode ser, as profissões têm de ter a primazia.”
Manuel António Santos espera que esta nova oportunidade dê frutos, sendo que a Produção regressa ao Interprofissional na disposição de dialogar para ajudar a resolver os problemas do Douro.
O próximo comunicado de vindima já vai ser votado pela Produção, ao contrário dos últimos dois, e o presidente da Casa do Douro espera que, no mínimo, o quantitativo de mosto a transformar em Vinho do Porto seja igual ao do ano passado. Ou seja, 110 mil pipas:
Da parte do Comércio, António Saraiva, presidente da Associação de Empresas de Vinho do Porto, prefere não se pronunciar publicamente sobre o comunicado de vindima, preferindo congratular a Produção pelo seu regresso ao Interprofissional.
Também o presidente do IVDP, Vilhena Pereira, frisa que a decisão da Produção é importante para a região:
“É uma belíssima notícia. Há quase três anos que a produção se tinha ausentado do conselho Interprofissional, onde se decide tudo o que é importante para a região e por maioria dos votos. Não estando os produtores, os seus interesses não estavam devidamente representados.”
O ministro da Agricultura considerou, através do seu gabinete de imprensa, que se trata de “um passo fundamental para garantir um equilíbrio entre o Comércio e a Produção”.
Entretanto, o Tribunal Central Administrativo do Norte deu razão à Casa do Douro num processo relativo às nomeações para o IVDP, em 2007, do presidente Jorge Monteiro e do vice-presidente António Graça.
A instituição duriense considerou “ilegal” a nomeação, alegando que a lei não foi cumprida porque não foram ouvidas as profissões. O tribunal sancionou que, “nos termos da legislação, era inequívoco que a nomeação dos membros da direcção do IVDP tinha que ser precedida, por imposição legal, de consulta às profissões, onde se inclui a Casa do Douro na qualidade de representante da produção”.
Escrito por CIR