População protesta contra encerramento de ponte ferroviária desactivada

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Seg, 05/04/2010 - 09:56


Os moradores do bairro Fundo da Veiga, em Bragança, exigem a requalificação da antiga Ponte Ferroviária da Coxa de maneira a que seja possível fazer a travessia a pé. Este sábado a população manifestou-se contra a recente intervenção que a REFER fez no local, vedando o acesso à ponte e retirando as tábuas de madeira que faziam de passadiço. Pedem à câmara municipal ou à REFER que restabeleçam a travessia pedonal em condições de segurança.  

O protesto foi organizado pela família do homem que há um mês foi encontrado morto no rio Fervença e que se presume que terá caído daquela ponte.

“Há um mês o meu irmão caiu aqui e perdeu a vida. Agora fecharam isto e agora ainda está pior” refere a irmã, Maria Quintana, salientando a importância da ponte para a população. “Faz falta a todos para ir ao pão, à farmácia”. Por isso, “nós queríamos a ponte reaberta e com condições de segurança para a passagem. Queríamos que a chapeassem pois gastam-se tantos milhões em coisas necessárias e isto é um bem essencial” defende.

 

Naquele bairro vivem cerca de 60 pessoas.

Os moradores queixam-se que agora são obrigados a percorrer vários quilómetros a pé.

Outros acumulam despesas em táxis.

“Para quem não tem carro a ponte faz falta para ir à cidade. Em cinco minutos estamos lá. Agora, assim, temos de ir a dar volta” refere um habitante. Já Isaura da Conceição conta que o marido “quando vai comprar ração para as galinhas tem de ir a dar a volta com dois sacos de cinco quilos às costas e antes passava pela ponte”. Outro morador refere que “há dias fui fazer umas análises e tive de pagar um táxi escusadamente, se isto tivesse arranjado”.

 

A câmara de Bragança lembra que aquela infra-estrutura dispunha de condições para atravessamento pedonal em 1997, quando foi desactivada.

Por isso, o presidente critica a atitude da REFER e exige à empresa que reponha as condições de travessia da ponte. “Esta ponte além de servir o transporte ferroviário, servia também a mobilidade das pessoas, pois estava dotada de condições de travessia pedonais que foram anuladas erradamente” considera Jorge Nunes. “Tal como foi errado o gesto que a REFER tomou agora no sentido do levantar a estrutura que a ponte tinha e que servia de passagem provisória, apesar de precária”.

Por isso, o autarca defende que “aquilo que se impunha era que a REFER tivesse tido mais respeito pelas pessoas e fazer um investimento ínfimo para melhorar as condições de segurança para travessia da ponte”.

 

Contactada pela Brigantia, a REFER explica o encerramento da ponte “por não possuir condições de segurança para qualquer atravessamento, ainda que pedonal”.

Em comunicado, a empresa recorda que “por imposição legal, as pontes ferroviárias, incluindo as desactivadas, não podem ser utilizadas para a circulação de pessoas”.

Escrito por Brigantia