População desconfia do Museu do Côa que hoje é inaugurado

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Sex, 30/07/2010 - 10:59


O Museu do Côa abre hoje, ao meio-dia, 15 anos após ter sido prometido na sequência da suspensão da construção de uma barragem no rio Côa para garantir a preservação das gravuras rupestres.  

Depois de sucessivos avanços e recuos, o Primeiro Ministro e a ministra da Cultura cortam hoje a fita de um equipamento que custou 18 milhões de euros e que é o segundo maior museu do país.

Depois de gorado o desenvolvimento da região do Côa a partir das gravura do Paleolítico, as atenções voltam-se agora para este museu.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, Gustavo Duarte, acredita que o novo museu pode dar um bom contributo ao desenvolvimento da região:

“Espero que seja um projecto âncora que nos crie sinergias que possam permitir acesso a outros investimentos. Esperamos que com a inauguração do museu, o desenvolvimento do Interior aconteça e esta região, dentro de alguns anos, esteja diferente para melhor”, explicou.

Gustavo Duarte admite, no entanto, que as gravuras não trouxeram desenvolvimento à região.

“Uma coisa mudou claramente. Foi o prestígio e a publicidade de Foz Côa, que passou a ser muito mais conhecida no país e no Mundo. Na cidade, alguma coisa se ganhou mas muito pouco, tendo em conta as expectativas criadas. Há um parque arqueológico e foi construída uma pousada da juventude mas ficou-se por aqui. Espero que o melhor esteja ainda para vir.”

Mas os comerciantes fozcoenses esperam para ver, alguns com esperança, outros nem por isso.

Margarida Alves abriu de propósito uma loja de produtos regionais da pensar nos turistas que iriam ver as gravuras, mas já se arrependeu:

 

“Não vejo expectativas de nada. Vejo isto muito parado e sem visitantes. É gente da terra. Os turistas ainda vêm mais tesos do que eu. Fiz o investimento desde que apareceram as gravuras e estou muito arrependida. Não dá para a despesa”, garante.

 

Filomena Patrício, do Restaurante Dallas, admite que as pessoas ganharam pouco com as gravuras, pelo que deposita grandes esperanças que o Museu do Côa venha a ser uma mais-valia para Foz Côa:

 

“A nossa expectativa vai ser positiva. É uma mais-valia para Foz Côa. E não é qualquer coisa”, diz. “Na altura a barragem, era boa de momento, havia muita gente, mas também acabava. Agora tenho esperança que venhamos a ser uma cidade desenvolvida.”

 

Maria Fernanda Filipe, da Albergaria Vale do Côa, anda desolada com a crise e tem esperança que o museu traga mais gente:

 

“Temos esperança que sim, que traga gente. Neste momento estamos mesmo em crise”, sublinha. “Não há muito movimento com as gravuras. Vai havendo algum mas não vivemos dos turistas. Já tínhamos fechado a porta.”

 

As esperanças dos comerciantes de Foz Côa em relação ao Museu que a partir de hoje carrega a responsabilidade de dar um novo impulso ao desenvolvimento do Vale do Côa.

Escrito por CIR