População de Romariz recria ciclo da telha

A iniciativa partiu da ASSAR, a Associação Cultural e Desportiva de Santo Antão de Romariz que constituiu também um núcleo museológico dedicado ao ciclo da telha.“A telha foi uma indústria importante nesta aldeia” salienta o presidente da ASSAR e agora através de um projecto da Corane “restauramos o forno e constituímos uma colecção museológica no centro cultural que vai funcionar como centro de interpretação do ciclo da telha” explica Abel Pereira. Para assinalar a conclusão do projecto “decidimos fazer uma inauguração diferente, reunindo as pessoas e fazer uma recriação e recolher as peças para a posterioridade pois estas telhas já vão para o núcleo museológico” que já está equipado “com peças de recolha, temos uma telha de 1840 e os moldes”. Os habitantes mais antigos da aldeia contam que era nos meses mais quentes do ano que se fabricava a telha.Mário Pereira explica que “antigamente apanhava-se o barro com juntas de cria, trazia água em pipas e as vacas pisavam-no” conta. “Depois cortavam o barro aos bocados e punham nos galapos (o molde) e ficava a secar durante dois dias e só depois é que era cozido no forno” acrescenta.  Cada fornada chegava a cozer mais de duas mil telhas que depois eram vendidas para as aldeias vizinhas. “Eram vendidas ao carro da cria que eram pr’aí 12 e cada carro levava 200 telhas” conta Mário Pereira salientado que “para fazer uma fornada levava uma semana inteira e naquela altura cada telha custava duas coroas”. Mas agora os tempos são outros e fabricar telha de barro só mesmo para não deixar perder a tradição. “As tradições devem manter-se porque é o que move a nossa origem” refere Mónica Morais que participou nesta actividade. Esta jovem de 17 anos acrescenta que os bisavós já faziam telha e por isso “apesar de hoje estar a fazer pela primeira vez já tinha umas noções”. 

O Núcleo Museológico da Telha, em Romariz, deverá ser integrado no Ecomuseu de Vinhais para ser mais um ponto de referência do concelho.

Escrito por Brigantia