Ter, 31/03/2009 - 14:38
Sete da manhã. Os primeiros habitantes começavam a aglomerar-se. Vinham esperar os trabalhadores e tentar impedir o início das obras. Dizem que não querem guerra, mas gostavam de ser ouvidos.
“Nós não somos contra as obras, mas elas vão ser feitas numa zona que prejudica a aldeia porque há uma capela aqui ao lado que vai ficar com a rua mais estreita” explica um habitante.
Com tanto espaço na aldeia, os habitantes não entendem a decisão de construir em cima do tanque. Por isso, queriam suspender a obra. “Queríamos que a obra fosse construída noutro local porque há muitos espaços aqui na aldeia para isso” acrescenta.
Sabem que é tarde para reclamar, mas queixam-se de só agora ter conhecimento do local de construção do pavilhão. Além disso, falam em falta de diálogo, porque num sítio onde a maioria da população é analfabeta, um papel afixado na junta não esclarece ninguém.
“Tínhamos conhecimento que o projecto estava afixado ali numa vitrina mas nunca nos disseram que a obra ía ser feita neste local, só quando colocaram aqui o quadro eléctrico é que nos apercebemos” refere.
Antes de se manifestar, os habitantes de Cernadela fizeram um abaixo-assinado. Tentaram ontem entregá-lo na Câmara Municipal, mas o vice-presidente Duarte Moreno não recebeu o documento. “Disse que não podia fazer nada por nós porque a obra já foi licenciada” conta uma manifestante. O contacto com o presidente da Junta, José Manuel Fernandes, também não correu bem. “Disse que não queria saber do que as pessoas pensam” acrescenta.
Às 8h da manhã, o povo aguardava ainda a chegada dos trabalhadores, para impedir o início das obras. Mas, afinal ainda não foi hoje.
Ao contrário do que era esperado, o início da construção do pavilhão multiusos não ocorreu hoje.
Mas no chão, uma linha está já a marcar o perímetro da futura obra.
Os habitantes de Cernadela, aldeia dos Cortiços, em Macedo de Cavaleiros não se conformam.
Tentamos contactar o Presidente da Junta dos Cortiços, José Manuel Fernandes, mas, até ao momento, ainda não foi possível chegar à fala com o autarca.
Escrito por CIR